| 16/06/2008 05h15min
Houve muitos melhores do que ele. Bem melhores, inclusive. Tesourinha, o precursor, no Rolo Compressor dos anos 40. Larry Pinto de Faria, a mistura na dose certa de elegância e faro de artilheiro na década de 50. Falcão, o gênio que revolucionou a camisa 5, até então limitada a bolorentas burocracias defensivas. Valdomiro, o multicampeão, espécie de múmia em branco e vermelho, tal o número de faixas sobre o corpo, companheiro de Falcão no lendário time dos anos 70. Todos estes, talvez outros mais até, foram melhores. Mas nenhum é maior do que Fernando Lúcio da Costa, o Fernandão.
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Aqui, não se trata só da questão técnica, portanto. Nem de contar
o número de títulos deste ou daquele, até porque, dizem, Fernandão arrumou uma bursite de tanta taça que levantou em quatro anos. Um exagero, por certo. Tudo isso é importante, vale como argumento, claro que sim, mas toda a retórica será insuficiente para arranhar o incontestável: beira o mítico o patamar atingido pelo Inter graças aos gols e ao comando decisivo de Fernandão. Ele foi um dos artilheiros da Libertadores, com seis gols. Ganhou o carro Toyota como craque da final. Aceitou como mártir, no mundo de vaidades do futebol, o sacrifício de ser quase volante na final de Yokohama, em nome de uma estratégia operária para marcar o mortal meio-campo do Barcelona.
Quem, na história do Inter, chegou tão alto como capitão e personagem fundamental no campo de jogo?
Mas isso não é, já disse, o mais importante, embora talvez seja suficiente. O mais importante, o que faz de Fernandão o maior de todos, a sua maior façanha nestes quatro anos, foi ter libertado o Inter da
Síndrome do vira-lata, como
diagnosticou Nelson Rodrigues para a Seleção Brasileira pré-Copa de 1958 em relação aos europeus. Puxe pela memória. Alguém imaginaria, em junho de 2004, quando Fernandão chegou, o Inter campeão da América, do Mundo, da Recopa Sul-Americana? Lembro da primeira entrevista que fiz com ele, no pátio do Beira-Rio. Ele disse:
— Vim para colocar o Inter no cenário mundial. Este é o projeto.
Mais um contratado querendo fazer média com uma torcida carente de títulos, pensamos todos. Pois ali o Inter começava, através de um trabalho diário de comportamento, gols e liderança de seu capitão, a vencer a idéia de que conquistar o Mundo era para os outros. Fernandão convenceu os colorados de que projeção internacional não era algo alheio ao DNA colorado.
Alguém, em toda a história do Inter, fez mais que isso?
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