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 | 27/03/2003 01h22min

Annan reconhece prejuízo à ONU por causa da crise no Iraque

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, admitiu nessa quarta, dia 26, que o mundo estava decepcionado com as Nações Unidas, por causa da maneira como vem lidando com a crise no Iraque, e disse que é hora de as grandes forças se unirem para atender às necessidades do povo iraquiano.

Nos últimos meses, Annan disse, os povos do mundo mostraram muita esperança na ONU e em seu Conselho de Segurança, que conta com 15 membros.

– Muitos ficaram extremamente decepcionados – declarou durante um debate do Conselho de Segurança a respeito do Iraque, o primeiro desde que a guerra comandada pelos EUA começou, há uma semana.

– Acho que todos nós lamentamos o fato de que nossos esforços para chegar a uma solução pacífica por meio deste conselho tenham falhado – disse. – Vivemos um momento de profundas divisões que, se não forem sanadas, podem refletir graves conseqüências futuras no sistema internacional e na relação entre os países.

Ele disse que a confiança na ONU só poderá ser restabelecida se o Conselho apresentasse objetivos específicos para o Iraque, incluindo lançar mão de bilhões de dólares das vendas de petróleo para financiar auxílio emergencial com o programa da ONU petróleo por comida.

No entanto, Annan criticou tanto o Iraque, por ter negligenciado os inspetores de armas, quanto os EUA, por terem agido por conta própria.

– Mas, ao mesmo tempo, muita gente, no mundo todo, está questionando seriamente a legitimidade de alguns membros terem tomado atitude tão temerosa, sem ter buscado consenso dentro do Conselho – Annan declarou.

E aproveitou para lembrar aos EUA e à Grã-Bretanha que eram responsáveis pelas necessidades básicas do povo iraquiano. Depois de severas divisões de opinião a respeito da guerra, membros do Conselho têm conduzido debates há vários dias para reiniciar o programa petróleo por comida.

O objetivo é que se chegue a uma decisão até sexta-feira, autorizando Annan a estabelecer novas prioridades para o programa da ONU que fornecerá alimentação e medicamentos para mais de 13 milhões de iraquianos.

O programa petróleo por comida, que começou em dezembro de 1996, permite que o Iraque venda petróleo para comprar alimentos, medicamentos e uma grande variedade de suprimentos civis sob a supervisão da ONU. Annan suspendeu o programa pouco antes da invasão e tirou mais de 300 funcionários da ONU que supervisionavam o programa no Iraque.

Quando falou ao Conselho, Annan disse que a guerra criou certas necessidades que não podem ser atendidas pelo programa petróleo por comida.

– Ainda não sabemos quantas pessoas ficarão feridas, quantas serão deslocadas de seus lares, ou quantas ficarão sem comida, água, saneamento básico e outros serviços essenciais. Mas tememos que os números sejam altos – disse.

Ele se referia a um pedido de auxílio emergencial, de mais de US$ 2 bilhões, que deve ser lançado pela ONU na sexta-feira. As informações são da agência Reuters.

 
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