O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já autorizou o envio de uma equipe de resgate à Bolívia para trazer de volta cerca de 50 brasileiros que estão retidos na capital, La Paz, em decorrência dos conflitos iniciado há quatro semanas, agravados nos últimos dias, que já provocaram a morte de 55 pessoas e deixaram mais 200 feridas.

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota oficial confirmando a operação de evacuação de cidadãos brasileiros da cidade. A nota afirma que Lula tomou a decisão com base em informações e avaliações recebidas da Embaixada do Brasil em La Paz. Os detalhes da operação não foram divulgados, nem os horários em que os possíveis aviões de resgate chegarão na capital boliviana.

A viagem poderá ser feita em um Hércules, aeronave que tem maior margem para aterrissagem. O aeroporto internacional de La Paz está fechado por estar na zona de conflito. O local mais tenso é a cidade de El Alto, próxima de La Paz.

Nesta quarta, novos confrontos provocaram uma série de tumultos em La Paz. Manifestantes tiveram novos choques com a polícia boliviana e ameaçaram continuar os ataques a prédios públicos, bancos e instituições federais até que o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada renuncie. Os brasileiros que estão na capital boliviana estão retidos em hotéis e temem o fim do abastecimento de comida, além de cortes na eletricidade.

Lula acompanha com atenção a crise na Bolívia e conversou nesta terça, dia 14, por telefone com Lozada para se interar sobre a situação no país vizinho. Segundo o porta-voz da Presidência, André Singer, Lula transmitiu "profundo pesar" pela morte de mais de 50 pessoas em conseqüência dos confrontos entre manifestantes que pedem a renúncia do presidente e a polícia boliviana. 

Em entrevista exclusiva ao programa Revista Brasil, na terça, o embaixador brasileiro na Bolívia, Antonino Mena Gonçalves, disse que a capital está caótica. Segundo o embaixador, a comunidade brasileira residente em La Paz é relativamente pequena, mas há sempre o fluxo de turistas. Contudo, não há até agora registros de que brasileiros tenham sido diretamente afetados pelos distúrbios.

Nesta quarta, dia 15, uma nova batalha causou a morte de mais dois operários. As mortes elevam para 55 o total de vítimas dos protestos iniciados há um mês e dirigidos contra Lozada. Os manifestantes pedem a renúncia do presidente, que já afirmou que não renunciará. O mandato de cinco anos dele termina em 2007.

As manifestações começaram no país no dia 15 de setembro com o bloqueio de estradas. Os bloqueios foram liderados pelo deputado indígena Felipe Quispe e eram um protesto contra a exportação de gás para os EUA por meio de um porto do Chile.

As informações são da Agência Brasil e Reuters.