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 | 27/10/2003 20h20min

Para Bush, ataques são reação a sucesso dos EUA no Iraque

Presidente disse que resistência está ficando desesperada com os progressos

O presidente George W. Bush disse nesta segunda, dia 27, que a resistência iraquiana está ficando desesperada com o fato de o Iraque estar no rumo certo, enquanto um general afirmou que não há sinais de que Saddam Hussein esteja por trás dos recentes ataques no país.

A fala de Bush aconteceu após dois dias sangrentos no Iraque. No domingo, vários foguetes atingiram o vigiado hotel de Bagdá onde se hospedava o subsecretário de Estado, Paul Wolfowitz. Nesta segunda, quatro atentados suicidas deixaram dezenas de mortos e centenas de feridos na capital.

– Há terroristas no Iraque que estão dispostos a matar qualquer um a fim de conter nosso progresso – disse Bush na Casa Branca após reunião com o administrador civil do Iraque, Paul Bremer, e com o general John Abizaid, chefe do Comando Central dos EUA.

Apesar de Bush alardear progressos, as explosões, sirenes e a fumaça deixaram Bagdá em um estado caótico, criando novas dúvidas sobre o sucesso dos EUA no combate à guerrilha. Bush disse que o estabelecimento da paz no Iraque é parte do interesse nacional de seu país e que ele não vai se "intimidar por estes assassinos".

– Quanto mais progresso fazemos no terreno, mais livres os iraquianos se tornam, mais eletricidade está disponível, mais empregos existem, mais crianças vão à escola, e mais desesperados se tornam esses assassinos, porque eles não suportam uma sociedade livre – afirmou Bush.

– Vamos ter dias difíceis, como tivemos nos dois últimos, mas no geral tudo avança na direção correta, e os bons dias superam os ruins – disse Bremer.

Desde que Bush declarou o fim da fase de combates, em 1º de maio, 214 militares dos EUA já morreram no Iraque, dos quais 113 em ações hostis.

O general Raymond Odierno, comandante da Quarta Divisão de Infantaria do Exército, disse que, embora Saddam continue sendo caçado pelos EUA, ele não parece estar comandando a resistência.

– Não vi sinais de que ele esteja de alguma forma controlando o que acontece agora – afirmou Odierno a jornalistas, falando de Tikrit, cidade-natal do ex-ditador.

Odierno disse que a influência de Saddam sobre a população hoje se deve ao medo residual de que ele possa voltar ao poder.

Em julho, três dias depois da operação militar que matou os dois filhos de Saddam em Mosul, Odierno disse que o cerco a ele estava se fechando. Nesta segunda, porém, admitiu que a busca "não mudou muito" desde então.

– Obviamente, se soubéssemos onde ele está o colocaríamos sob custódia imediatamente.

O general suspeita que Saddam esteja em Tikrit ou "em algum lugar ao norte", deslocando-se com freqüência.

Ele disse que 95% da resistência é composta por simpatizantes de Saddam, sendo que "uma porcentagem muito pequena é de combatentes estrangeiros". Segundo ele, aparentemente não há coordenação entre os dois grupos.

Odierno disse que a resistência "está ficando cada vez mais desesperada a cada dia" e cometendo ataques "para chamar o máximo de atenção" sem entrar em confronto direto com as tropas dos EUA.

Como prova disso, ele disse que os militares acreditam que a resistência pague "algo entre mil e 2 mil dólares" para quem cometer ataques a forças norte-americanas e "de 3 a 5 mil dólares se o ataque tiver sucesso". Há poucos meses, segundo ele, a resistência pagava cem dólares por ataque e 500 caso ele fosse bem-sucedido.

 
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