A estabilização do Haiti vai exigir uma missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) com mais de 8 mil soldados e policiais civis ao longo dos próximos dois anos. A informação é do secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Ele fez essa recomendação em relatório ao Conselho de Segurança, que deve aprovar qualquer plano para restaurar a ordem no país do Caribe, que em fevereiro teve uma rebelião que resultou na queda do presidente Jean-Bertrand Aristide. Mais de 200 pessoas morreram na revolta. Annan reconheceu que, mesmo com até 6,7 mil soldados e 1.622 policiais civis, a tarefa seria difícil.

– Só poderemos ser realmente bem sucedidos se os haitianos forem bem sucedidos – disse ele em seu relatório sobre a chamada Missão de Estabilização da ONU no Haiti.

A missão da ONU deve assumir seu mandato no começo de junho, das mãos de uma força multinacional liderada pelos EUA que chegou ao Haiti para passar três meses, logo depois da queda de Aristide, em 29 de fevereiro. Roger Noriega, secretário-assistente de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, disse que as recomendações de Annan serão úteis.

– Achamos que é um desafio importante para o mundo continuar ajudando o Haiti e renovar seu compromisso com o povo haitiano. Acreditamos que a ONU está respondendo de forma responsável e prestativa – afirmou. 

Annan pediu aos líderes haitianos que "respondam à oferta de assistência da comunidade internacional com um compromisso de serem responsáveis, inclusive com seus cidadãos".

O relatório de Annan esboça o processo político e constitucional que levaria às eleições de 2005 no país. Ele disse que gostaria que a missão da ONU tivesse um mandato inicial de dois anos, para que o país pudesse ter tempo de sentir os efeitos dessas eleições. Annan alertou, porém, que o programa internacional de ajuda deve ser sustentado – segundo o secreátio-gerial, operações anteriores do gênero se extinguiram rápido demais, e desta vez serão necessários "10 anos ou mais" para recuperar a polícia, o Judiciário e outras instituições haitianas.

Annan disse que a nova missão da ONU deveria ajudar a restaurar o estado de direito e a segurança pública, a fortalecer o Judiciário e o sistema prisional e a desarmar todos os grupos armados. Também teria a tarefa de dar apoio ao governo interino e à reconciliação nacional, além de coordenar a ajuda humanitária, restaurar os serviços públicos essenciais e monitorar a situação dos direitos humanos.

Com informações da agência Reuters.