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Bush pede a Rumsfeld punição de militares torturadores

Iraquianos foram torturados e obrigados a simular atos sexuais

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pressionou nesta segunda, dia 3, seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, a tomar "ações duras" contra os militares responsáveis por torturas a prisioneiros no Iraque. Enquanto isso, crescem as acusações sobre quem seria o culpado pelo escândalo, que ganha contornos cada vez maiores.

Os militares disseram ter advertido seis oficiais por causa dos abusos a prisioneiros na penitenciária de Abu Ghraib, em Bagdá, onde foram feitas as fotos divulgadas em todo o mundo, mostrando iraquianos amontoados ou simulando atos sexuais.

A general da reserva Janis Karpinski, que supervisionava a prisão, disse que a responsabilidade pelos abusos deve ser dividida com o general Ricardo Sánchez, comandante das tropas norte-americanas no Iraque. O general Richard Myers, chefe do Estado Maior das Forças Armadas, também foi criticado por não ter lido um relatório que documentaria "os abusos criminais sádicos, flagrantes e selvagens".

– Trata-se de uma resposta inaceitável [de Myers]. Não é o nível de preocupação que o povo norte-americano esperaria dos seus comandantes militantes para esse tipo de conduta – disse o senador democrata Jeff Bingaman no plenário.

Bush conversou sobre o escândalo na segunda-feira por telefone com Rumsfeld e cobrou "ações fortes", segundo seu porta-voz, Scott McClellan.

– O presidente quis garantir que medidas adequadas sejam tomadas contra os responsáveis por estes atos vergonhosos e assustadores. Eles devem ser completamente responsabilizados por suas ações – disse o McClellan. 

Até políticos republicanos admitem que o estrago já foi feito e que será difícil de reparar.

– Infelizmente, naquela parte do mundo, o fato de que o presidente, o comandante do Estado Maior e outros militares digam que 'isso é inaceitável, não vamos tolerar e os culpados serão punidos' é algo que os deixa perdidos, e você pode ver por quê – disse o senador Jon Kyl.

Karpinski, que supervisionou 26 instalações prisionais no Iraque até o começo do ano, afirmou que desconhecia os abusos em Abu Ghraib e se disse chocada com as fotos. Cerca de 20 prisioneiros teriam sofrido abusos entre novembro e dezembro de 2003 na prisão, que foi um famoso centro de torturas no regime de Saddam Hussein. Seis outros soldados estão sendo investigados.

Paralelamente ao inquérito militar, a CIA também está fazendo uma investigação sobre a morte de um prisioneiro iraquiano em Abu Ghraib, segundo uma importante fonte da agência, que pediu anonimato. Esse funcionário disse que aparentemente a CIA não está interrogando os soldados envolvidos nas torturas.

Segundo Karpinski, as celas onde os abusos supostamente ocorreram estavam sob controle do departamento de inteligência militar, cujo comandante lhe informava frequentemente sobre o ''grande trabalho'' que estava sendo alcançando nos interrogatórios.

– Eu não sabia nada a respeito. Se soubesse, certamente teria reagido rapidamente – disse ela à emissora ABC.

Com informações da agência Reuters.

 
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