O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, pediu desculpas nesta sexta, dia 7, durante depoimento ao Congresso norte-americano pelo abuso cometido por soldados do país contra prisioneiros no Iraque.

– Esses eventos ocorreram sob meu comando como secretário da Defesa. Sou responsável por eles –  disse Rumsfelda um comitê do Senado norte-americano. – Sinto-me péssimo com o que aconteceu a esses prisioneiros. Eles são seres humanos, estavam sob custódia norte-americana, nosso país tem obrigação de tratá-los direito. Não fizemos isso. Foi um erro – afirmou.

– Aos iraquianos que foram maltratados pelos membros das Forças Armadas dos EUA, ofereço minhas mais sinceras desculpas.

O secretário disse ainda que não reconheceu a gravidade do escândalo envolvendo os presos no Iraque e afirmou que vai oferecer compensação aos que foram vítimas de agressão. E garantiu que uma comissão especial investigará o assunto. O depoimento foi interrompido por alguns momentos quando manifestantes ergueram faixas e pediram a demissão de Rumsfeld.

O secretário afirmou que não vai renunciar "simplesmente porque as pessoas estão tentando fazer disso uma questão política". A declaração foi uma resposta ao pedido de alguns democratas para que ele deixasse o cargo devido ao escândalo de abuso de prisioneiros no Iraque.

O senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul, pediu a Rumsfeld, durante a audiência no comitê do Senado para as Forças Armadas, para que respondesse àqueles que vêm pedindo sua saída do cargo.

– A pergunta-chave é ... se eu posso ou não ser eficaz – afirmou Rumsfeld. – Não é preciso dizer que, se eu não me sentisse eficaz, renunciaria no mesmo minuto. Eu não me demitiria simplesmente porque as pessoas tentam fazer disso uma questão política – afirmou.

Rumsfeld disse ainda que não seria uma má idéia derrubar a prisão de Abu Ghraib, na periferia de Bagdá, palco do escândalo de abuso de prisioneiros iraquianos.

– Há pessoas falando sobre a prisão de Abu Ghraib e sua destruição. Certamente, isso é algo que a Coalizão, o Conselho de Governo e ... o governo de transição do Iraque, que vai assumir no dia 30 de junho, vão avaliar e decidir –  disse Rumsfeld, durante o depoimento no Congresso.

– Francamente, do meu ponto de vista, não é uma idéia ruim, mas acho que os iraquianos é quem devem decidir – afirmou.

Nessa quinta, oito dias depois de a rede de TV americana CBS ter divulgado as primeiras fotos revelando maus-tratos e tortura contra presos iraquianos, o presidente dos EUA, George W. Bush, finalmente pediu desculpas pela ação de seus militares, afirmando que as imagens deixaram os americanos "enojados".

Na quarta-feira, Bush concedeu entrevista a duas emissoras de TV árabes e prometeu punir os torturadores. O pedido de desculpas feito ontem coincidiu com a publicação, pelo jornal The Washington Post, de uma nova série de fotos mostrando abusos de presos iraquianos por parte de soldados americanos. A leva de fotos aumentou a pressão sobre o secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, criticado pela forma com a qual o governo lidou com o escândalo. Os líderes da minoria democrata na Câmara de Deputados e no Senado estão pedindo a renúncia do secretário.

Com informações são da agência Reuters e jornal Zero Hora.