| 24/05/2004 14h56min
Até o terceiro dia de viagem da comitiva brasileira à China, o Brasil fechou pelo menos 15 acordos operacionais e novas joint-ventures. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, apesar de o governo não ter um valor preciso dos negócios, o Planalto estima que o total deve passar de US$ 4 bilhões.
Durante o Seminário Empresarial Brasil-China de Comércio e Investimento – perspectivas para o século 21, realizado nesta segunda, dia 24, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a empresários que os dois países estão dando um salto qualitativo nas suas relações, que este ano completa o trigésimo aniversário.
Lula destacou a intensificação das relações comerciais e políticas desde 2003.
– De janeiro a março desse ano, o intercâmbio entre os dois países teve um aumento de cerca de 60% em relação ao igual período de 200 – disse, ao ressaltar o desempenho do fluxo de comércio.
A corrente de comércio passou de US$ 1,5 bilhão em 2000 para US$ 6,7 bilhões em 2003. A balança é mais favorável ao Brasil, com exportações de US$ 4,5 bilhões no ano passado.
Somento durante o evento, que reuniu cerca de 800 empresários brasileiros e chineses no Beijing International Hotel, foram asssinados 14 acordos empresariais. Pouco antes de Lula discursar, os acordos foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio brasileiro durante cerimônia de instalação do Conselho Empresarial Brasil-China. O conselho será composto por empresários brasileiros e chineses e terá como objetivo principal facilitar o entendimento para que se possam fechar novos negócios entre os dois países.
Foi firmado contrato entre as empresas China National Machinery and Equipment Import and Export Corporation (CMEC) e Central Termelétrica do Sul (CTSUL) para construção de usina termelétrica a carvão em Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul. O investimento chegará a US$ 757 milhões.
Quatro acordos envolveram a Companhia Vale do Rio Doce e siderúrgicas chinesas, sendo o mais importante o que cria, com a Shanghai Baosteel Group, uma Joint Ventures para a construção do Pólo Siderúrgico de São Luiz (MA), com vistas a produzir 3,8 milhões de toneladas de aço. Está no acordo também a implementação de linha de transporte marítimo entre os dois países e o desenvolvimento, na China, de projeto de produção de carvão para exportação para o Brasil.
Em outro acordo, a Vale e a Yukuang Group pretendem desenvolver projeto de produção de carvão coque para o mercado chinês, com exportação para o Brasil e para terceiros mercados. A mineradora brasileira fez ainda um acordo para produção, processamento e venda de carvão em parceria com as empresas Yongcheng Coal & Eletricity Group e a Shanghai Baosteel.
Com a China Aluminium Company (Chalco), a Vale firmou parceria para exploração de bauxita e produção de alumina.
– Estamos muito entusiasmados, porque a Chalco é uma empresa forte, com mercado importantíssimo e quer desenvolver essa parceria com Brasil – disse o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agneli.
Outro acordo de peso se consolidou entre a Petrobras e a Sinopec, para exploração de petróleo em terceiros países. Os primeiros países previstos para o investimento são Equador e Irã.
A Companhia Siderugica do Pará firmou convênio com a Minmetals Trading, para aquisição de equipamentos chineses e exportação de minério para a China. A Companhia de Comercio Exterior (Comexport) e a China Brazil Investiment, Development & Trade farão intercâmbio de coque metalúrgico, ferro gusa, algodão e açúcar.
Também foram firmados convênios para fabricação de motocicletas entre a Companhia Brasileira de Bicicletas e a Jinan Qingqi Motorcyclo. A Telemar e a Norte Leste (OI), e a China Móbile fizeram acordo de roaming internacional, que permite que com um único número e um único aparelho, o cliente possa receber e efetuar ligações.
Houve duas cartas de intenções que permitirão acordos futuros. Uma delas é entre a Varig e a Air China para a operação de vôos regulares entre o Brasil e a China. A outra carta foi entre a empresa de exportação Três Marias e a Chinapack Hua Yuan Internacional Economic Cooperation para venda de café solúvel brasileiro.
Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou memorando de entendimento com o Citic Group para desenvolvimento de projetos de financiamento de joint ventures sino-brasileiras voltadas à exportação. E a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) também acertou com China Enterprise Confederation intercâmbio de informações no setor industrial.
– Aos empresários brasileiros tenho que dizer: a China é uma espécie de "shopping de oportunidades" para se fazer bons negócios – afirmou o presidente, que chegou a Pequim no sábado.
– A partir deste encontro nós estaremos consolidando uma das mais sólidas relações políticas, comerciais, culturais e econômicas que o Brasil já teve – disse Lula ao falar para uma platéia de cerca de 400 empresários chineses e brasileiros. – Essa relação veio para ficar – acrescentou o presidente.
As informações são da agência Reuters e Brasil.
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