O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, prometeu punir o diretor do hoje extinto programa petróleo por comida do Iraque depois de uma investigação tê-lo acusado de fechar contratos com uma empresa dirigida por um amigo. Benon Sevan, que comandou o programa humanitário, foi acusado em um relatório elaborado por Paul Volcker, ex-presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), de ordenar a contratação de uma empresa ligada   família de Boutros Boutros-Ghali, ex-secretário-geral da ONU.        

Joseph Stephanides, hoje diretor de assuntos relacionados ao Conselho de Segurança, também foi acusado de intervir na seleção de grandes empresas para atuar no programa, que ajudou a montar em 1996, antes de Sevan passar a dirigi-lo, no final de 1997.                                  Segundo Annan, os dois devem ser punidos e, caso fique provado que crimes foram cometidos, ambos podem perder a imunidade diplomática. O programa petróleo-por-comida, iniciado em dezembro de 1996 e encerrado em novembro de 2003, permitiu ao governo do então ditador Saddam Hussein vender petróleo para comprar produtos de ajuda humanitária. O programa tinha por objetivo tornar menos duras as condições de vida dos iraquianos, sob sanção da ONU desde 1990.  

O ministro dos Direitos Humanos do Iraque, Bakhtiar Amin, disse na sexta-feira que qualquer envolvido em fraudes no programa da ONU deve ser julgado e devolver o dinheiro roubado da população iraquiana. O caso manchou a reputação da ONU e do secretário-geral, que escolheu Volcker para liderar as investigações.                                 

– Acho que o fato de o senhor Sevan ter se colocado em uma situação grave e na qual havia um conflito de interesses viola explicitamente as regras da ONU e os padrões de integridade essenciais para um funcionário civil da comunidade internacional – disse o ex-presidente do Federal Reserve.

Sevan, nascido em Chipre, se manifestou por meio de um advogado.

– O senhor Sevan nunca pegou nenhum centavo – disse Eric Lewis.  

As informações são da agência Reuters.