Uma investigação deve mostrar, nesta quinta, dia 3, que o programa petróleo por comida administrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Iraque funcionou adotando procedimentos de contratação "falhos" e que a autoridade encarregada de dirigi-lo participou da seleção dos compradores do produto. Paul Volcker, ex-presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), foi escolhido pela ONU para liderar uma investigação independente a respeito do programa de US$ 67 bilhões.

O programa visava a permitir ao Iraque, então sob sanções, vender seu principal produto de exportação a fim de adquirir principalmente alimentos e remédios. Volcker pretende divulgar um relatório preliminar na quinta à tarde. O documento final viria a público em junho.            

– Descobrimos em cada caso que o processo de contratação apresentou falhas, não tendo conseguido seguir as regras impostas pela organização para garantir a justiça e a transparência dele – escreveu o encarregado das investigações em artigo publicado pelo jornal The Wall Street Journal na quinta.

– As descobertas não compõem uma leitura agradável – disse.     

Mas, segundo Volcker, os homens da ONU encarregados de administrar o programa parecem não estar envolvidos com "um abuso sistemático ou disseminado." O relatório deu atenção maior a Benon Sevan, um subsecretário-geral da ONU encarregado do programa petróleo-por-comida e que foi acusado em documentos iraquianos de favorecer uma empresa do Oriente Médio.

Em documentos divulgados depois da deposição de Saddam Hussein, Sevan teria pedido ao Iraque que selasse contratos de venda de petróleo com a empresa Africa Middle East Petroleum, com sede na Suíça. Ele também é acusado de ter recebido cotas de petróleo que poderiam ser convertidas em dinheiro. Sevan nega isso. E Volcker não fez menção a qualquer suborno. As informações são da agência Reuters.