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 | 15/04/2005 21h15min

Moderado pró-Síria é nomeado novo primeiro-ministro do Líbano

O presidente do Líbano, Emile Lahoud, nomeou nesta sexta, da 15, um aliado moderado da Síria, Najib Mikati, para o cargo de primeiro-ministro, depois de ele receber o inesperado apoio da oposição anti-síria para comandar o país até as eleições de maio.

Mikati obteve a indicação do Parlamento de 128 membros em uma disputa acirrada contra o ministro da Defesa, Abdel Rahim Mrad, um sólido aliado de Damasco. O Líbano está sem governo desde 28 de fevereiro, duas semanas depois que o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Al Hariri mergulhou o país na sua pior crise política desde o fim da guerra civil (1975-90).

O primeiro-ministro Omar Karami renunciou novamente na quarta, incapaz de formar um gabinete  inicialmente, com a oposição anti-síria e, depois, com aliados de Damasco.

– Espero que eu possa incorporar a unidade nacional – disse Mikati a jornalistas, informando que vai começar a discutir a formação do novo gabinete no sábado.

– Estamos enfrentando um estágio importante do retorno à democracia – disse Mikati, um rico empresário de 49 anos, amigo do presidente da Síria, Bashar Al Assad.

A crise política torna cada vez mais improvável a realização das eleições no prazo, para ira dos deputados anti-sírios, que esperam ser maioria após o pleito – o Parlamento é dominado por aliados de Damasco.

Mas a indicação de Mikati com apoio da oposição dá novas esperanças de que realmente haja eleições em maio. Ao contrário do veterano Karami, Mikati não é membro das dinastias políticas do país e portanto carrega menos bagagem política. Por isso, foi uma escolha palatável para todos os grupos.

Para que haja eleições até o final de maio, Mikati precisa formar rapidamente um governo, obter um voto de confiança do Parlamento, redigir um projeto de lei eleitoral e aprová-lo entre os deputados, tudo isso em menos de duas semanas.

Ele disse que suas prioridades são realizar as eleições, cooperar completamente com uma investigação internacional sobre a morte de Hariri e recriar a confiança na economia, abalada pelo atentado.

Mikati, um muçulmano sunita, foi ministro dos Transportes. Ele não disse se espera que as eleições aconteçam realmente na data prevista.

Depois de quase 30 anos de presença militar, as tropas sírias estão deixando o Líbano, cedendo à pressão internacional e às manifestações dos libaneses após a morte de Hariri – Damasco nega envolvimento.


A oposição disse na sexta-feira que pode retomar os protestos nas ruas se a situação do governo não se resolver até a próxima semana. O mandato do Parlamento vai até 31 de maio.

A Constituição exige que as eleições sejam convocadas com no mínimo um mês de antecedência. Se não houver eleições em maio, o Parlamento pode ampliar seu mandato em vários meses, para evitar um vácuo político.

Testemunhas disseram que militares e forças de inteligência da Síria desocuparam várias posições no vale do Bekaa (leste do Líbano). O Exército libanês reforçou sua presença na aldeia de Anjar, pronta para assumir o escritório sírio de inteligência no local.

As informações são da agência Reuters.

 
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