Da Indonésia à Faixa de Gaza, o mundo islâmico realizou nesta sexta, dia 13, protestos contra a suposta profanação do Alcorão cometida por interrogadores norte-americanos na base naval de Guantánamo. Durante as manifestações, houve mortes e pedidos de retaliação.

No Afeganistão, pelo menos nove pessoas morreram na sexta-feira. Nesta semana, já são 16 mortes, na maior onda de anti-Estados Unidos desde o fim do regime Talibã. As manifestações começaram com uma reportagem da revista Newsweek que relatava que os responsáveis pelos interrogatórios de militantes detidos na base naval de Guantánamo, em Cuba, jogavam o livro sagrado dos muçulmanos pela privada e, em pelo menos uma ocasião, acionaram a descarga.

Governos de vários países islâmicos aliados dos EUA exigiram investigações, e milhares de pessoas saíram às ruas. Na Indonésia, maior nação islâmica do mundo, o protesto foi pacífico e reuniu algumas centenas de pessoas. No Paquistão, os manifestantes exigiram a apuração das responsabilidades. Na Faixa de Gaza, milhares de palestinos participaram de uma passeata organizada pelo Hamas em um campo de refugiados. Em Hebron, na Cisjordânia, centenas de pessoas foram às ruas.

Tentando acalmar os ânimos, o governo Bush manifestou solidariedade aos manifestantes. O Departamento de Defesa disse que "está levando as acusações muito a sério", mas não informou quando as investigações devem ser concluídas.

Os muçulmanos consideram o Alcorão como a palavra literal de Deus e tratam cada exemplar com profunda reverência. No Afeganistão e no Paquistão, a profanação do Alcorão é punível com a morte. A reputação dos EUA já havia sido muito prejudicada no ano passado, com a revelação de que havia torturas e humilhações sexuais contra presos muçulmanos na penitenciária de Abu Ghraib, no Iraque.

As informações são da agência Reuters.