| 17/08/2005 00h31min
O brasileiro Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia britânica ao ser confundido com um terrorista, estava calmamente sentado num vagão do metrô de Londres quando um agente o dominou e outro lhe deu oito tiros, segundo a rede de televisão britânica ITV.
A emissora revelou nesta terça novos detalhes da investigação sobre a morte do jovem eletricista. O brasileiro não teria reagido.
Segundo os documentos que a ITV obteve da comissão independente que investiga o caso, Menezes entrou na estação de Stockwell (sul de Londres) com um bilhete de metrô e não pulou a roleta ou fugiu pelas escadas, como os meios de comunicação difundiram logo que o brasileiro foi morto. Em seu caminho até o vagão, ele inclusive parou para pegar um jornal de distribuição gratuita.
Jean Charles também não usava um agasalho pesado e considerado suspeito para um dia quente, mas sim uma jaqueta jeans.
Uma testemunha disse aos investigadores que, de repente, agentes apareceram e, olhando para o brasileiro, gritaram: "Polícia, polícia!".
Quando Menezes indicou com sua movimentação que iria se levantar, um agente o imobilizou e outro lhe deu oito tiros à queima-roupa, sete na cabeça e um no ombro. Outras três balas erraram o alvo e foram achadas no chão do vagão.
A divulgação de novos dados sobre a investigação foi acompanhada por denúncias dos advogados da família do brasileiro, que acha que Jean Charles foi, na verdade, assassinado.
Harriet Wistrich, que representa os familiares de Menezes, disse que é "aterrorizador" que a polícia tenha matado um inocente cujos atos não eram suspeitos. Além disso, criticou o fato de os agentes terem tentado justificar sua ação e permitido a circulação de informações falsas sobre o jovem.
O ministro do Interior do Reino Unido, Charles Clarke, declarou que "é preciso deixar que a comissão independente trabalhe sem pressões". Ele destacou ainda que, quando a investigação for concluída, o governo tomará as medidas oportunas.
Jean Charles de Menezes foi morto pela Polícia britânica um dia depois dos atentados falidos de 21 de julho em Londres, nos quais nenhuma pessoa morreu, já que só detonadores de bombas explodiram.
Os agentes seguiram o jovem de um prédio no bairro de Tulse Hill até o metrô, percurso ao longo do qual o brasileiro pegou um ônibus.
A advogada da família questionou hoje como a polícia, suspeitando de Menezes, permitiu que ele entrasse no coletivo e chegasse ao metrô.
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