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 | 27/09/2005 14h04min

Jornal diz que confusão precedeu morte de Jean em Londres

Brasileiro foi morto por agentes da polícia britânica em 22 de julho

Uma confusão total entre comandantes da polícia britânica precedeu o assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres no dia 22 de julho. A informação foi divulgada hoje em reportagem publicada no jornal Evening Standard, segundo o qual as investigações sobre a morte de Jean evidenciam as falhas de comunicação entre os órgãos de decisão da Polícia Metropolitana, culminando com a morte precipitada de Jean.

Segundo fontes consultadas pelo jornal, após o episódio, a Scotland Yard demorou poucas horas para perceber que o brasileiro não era o terrorista que procuravam mas um inocente. Apesar disso, o chefe da polícia, o comissário Ian Blair, sustenta que se deram conta do erro apenas no dia seguinte.

A divulgação desses detalhes coincide com a visita a Londres dos pais de Jean Charles. Eles chegaram hoje ao aeroporto de Heathrow acompanhados por seu outro filho, Giovani da Silva, sua cunhada e seus três filhos. Matozinhos e Maria Otoni Menezes viajaram à capital britânica para esclarecer as verdadeiras circunstâncias da morte do jovem na estação de Stockwell, ocorrido no dia seguinte aos atentados fracassados contra o transporte público da capital britânica.

Segundo as novas informações, durante a manhã do dia 22, os altos comandantes policiais disseram a seus subordinados que poderiam se ver forçados a aplicar a política de disparar para matar caso esbarrassem em um terrorista suicida. No caso de Jean Charles, os agentes que vigiavam o edifício no qual ele vivia, onde suspeitavam que morava um terrorista vinculado aos atentados da véspera, não conseguiram filmá-lo no momento em que deixou o prédio.

Aparentemente, o oficial que levava a câmera de vídeo se encontrava atrás de uma árvore, por isso não teria conseguido obter a imagem do brasileiro para enviá-la aos serviços de identificação. Apesar da incapacidade de saber quem eles estavam vigiando, os agentes decidiram iniciar a perseguição, diz o jornal.

Para as forças de segurança, Jean Charles despertou as suspeitas quando entrou em um ônibus após ter descido de outro em Brixton, ao sul de Londres. Paralelamente, até três comandantes policiais diferentes acompanhavam a operação, provocando, segundo as fontes do jornal, uma confusão total.

A Comissão Independente de Queixas da Polícia, encarregada de investigar o fato, afirma que determinará até que ponto a corporação errou e sobre quem devem recair as responsabilidades. A família de Jean Charles deverá se reunir com essa comissão na próxima quinta.

AGÊNCIA EFE
 
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