| 18/10/2005 16h35min
Os Estados Unidos acompanham com atenção os preparativos para o julgamento de Saddam Hussein que começa amanhã no Iraque, mas ressalta que, ainda que tenha aconselhado as autoridades em seus preparativos, o processo é iraquiano. O ex-presidente iraquiano e outros sete altos funcionários de seu regime deverão responder no julgamento à acusação de ter ordenado a morte em 1982 de cerca de 150 pessoas na cidade de Duyail, de maioria xiita, como represália a uma tentativa de assassinato contra Saddam Hussein.
O Tribunal Especial Iraquiano, estabelecido durante a ocupação americana, apontou que esta acusação será julgada primeiro porque era o caso mais fácil.Outras acusações, como uma operação contra a minoria curda em que foram mortas cerca de 180 mil pessoas, são muito mais complexas e estão ainda em processo de pesquisa. Os EUA cederam advogados que investigam o caso e apoio técnico, e suas tropas proporcionaram segurança durante os preparativos do processo.
Para os EUA, o julgamento é uma faca de dois gumes: por um lado, levar Saddam Hussein aos tribunais pode servir de lembrança sobre as razões da invasão do país, para cidadãos norte-americanos cada vez mais céticos sobre o andamento da guerra. Por outro, pode aprofundar o antiamericanismo já muito difundido entre os países muçulmanos, que podem ver o julgamento como uma nova humilhação contra um líder árabe. Também pode aparecer a aliança entre Saddam Hussein e os EUA nos anos 80, durante a guerra entre o Irã e o Iraque.
O fato de que o julgamento esteja nas mãos de juízes iraquianos e não de um tribunal internacional suscitou críticas por parte de algumas organizações não-governamentais, que acreditam que um processo iraquiano oferece menos garantias de imparcialidade. Se for declarado culpado, o presidente iraquiano pode ser condenado a morte.
O diretor do programa de Justiça Internacional de Human Rights Watch (HRW), Richard Dicker, mostrou-se preocupado com o fato de o tribunal fornecer ou não as salvaguardas exigidas pelo Direito Internacional para que o julgamento seja justo, mas afirmou que ainda podem ser resolvidos "alguns dos problemas se forem dados passos para garantir um julgamento justo".
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