A esperada cerimônia de canonização de Madre Paulina só não deixou felizes os barraqueiros e vendedores ambulantes que invadiram Vígolo, em Nova Trento, para lucrar com a chegada dos romeiros. Diante do movimento bem abaixo do estimado e da concorrência acirrada, sobraram reclamações para todos os lados.

– Estamos decepcionados. Cadê as 100 mil pessoas? – cobrou a vendedora de uma barraca de bebidas alcoólicas, que não quis se identificar, horas antes de os fiéis se postarem diante dos telões para assistir ao Papa anunciar o nome da primeira santa do Brasil.

O prejuízo foi ainda maior para os comerciantes que lidavam com mercadorias perecíveis. Em meio aos balcões vazios, os ambulantes multiplicavam-se carregando todo tipo de produto. Com a imagem da santa havia de tudo: das tradicionais camisetas até cartões telefônicos e despertadores.

Religiosas da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, fiéis e autoridades ficaram aborrecidos com a venda de mercadorias sem qualquer relação com a religiosidade que o momento inspirava.

Nesse grupo, os consumidores tinham à disposição bonés, relógios, brinquedos, cortadores de legumes, camisetas com desenhos de bandas de rock, calcinhas e sutiãs. Indiferentes às manifestações isoladas de protesto, os vendedores gastavam a voz e a criatividade para atrair a clientela.

– Não podemos perder o sentido de religiosidade e oração do evento – reclamou a secretária municipal de Cultura e Turismo, Ivana Cadore.

Segundo ela, a partir desta semana todas as barracas terão de obter registro e alvará para se manterem em funcionamento.

– Não podemos cair no mesmo erro de Aparecida do Norte (SP), onde há 2,5 mil barraqueiros instalados – disse.

No entanto, das 100 barracas estimadas para Vígolo não chegavam à metade as que haviam de fato. Já o número de venderores ambulantes aumentava a cada hora.

– De hoje em diante temos de repensar Nova Trento – afirmou o prefeito Godofredo Luiz Tonini à reportagem do Diário Catarinense.