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 | 08/06/2006 10h57min

Varig vai a leilão em meio a dívidas e dúvidas

Comprador da companhia não herdará as dívidas

No meio de uma crise que começou a se desenhar há duas décadas e que chega agora a seu ápice, a Varig – mais antiga e importante companhia aérea brasileira – vai a leilão na manhã desta quinta, numa das últimas tentativas para que continue voando. Há dúvidas sobre o sucesso do processo de venda, já que potenciais interessados manifestaram receio de uma eventual herança das dívidas da Varig, que passam de R$ 7 bilhões, 65% junto ao governo.

Para tentar eliminar os temores dos investidores, o juiz responsável pela recuperação judicial da companhia e o Ministério da Defesa já afirmaram que quem comprar a Varig não herdará o passivo fiscal ou trabalhista. Nesta quarta, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional emitiu um parecer garantindo que os passivos tributários da Varig não ficarão com o comprador.

Pelo menos seis grupos, TAM, Gol, AeroLB (formada pela TAP e por investidores brasileiros e de Macau), OceanAir, Amadeus (sistema de reservas) e o fundo americano Brooksfield (representado pelo escritório de advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra), mostraram interesse em participar do leilão, mas sem confirmação oficial, já que não é necessária a pré-qualificação.

No mercado especula-se que a empresa aérea WebJet, que tem como acionista o empresário Jacob Barata – dono de um grupo que controla as companhias de ônibus Útil, Guanabara e Normandy – poderia tentar comprar a Varig para concorrer com a Gol. Barata reproduziria no ar a briga travada em terra, já que o dono da Gol também é proprietário do grupo de ônibus Áurea.

As ações da Varig negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo têm apresentado forte volatilidade nas últimas semanas. Nesta quarta-feira, os papéis recuaram quase 9%, encerrando o dia a R$ 3,60. Os possíveis interessados tiveram acesso aos dados da companhia, que tenta escapar da falência com uma dívida na casa de astronômicos R$ 7 bilhões, dificuldades para pagar o fornecimento de combustíveis, e correndo sérios riscos de ter aviões arrestados por credores internacionais.

Com 9.800 empregados, que resistiram a propostas de salvamento feitas anteriormente, temendo demissões em massa, a Varig fechou 2005 (o ano em que ingressou na nova Lei de Falências) com um prejuízo de nada menos que R$ 1,5 bilhão, contra R$ 87,1 milhões em 2004, um crescimento de 1.622%.

Quanto ao programa de fidelidade Smiles, que tem 5,6 milhões de cadastrados, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, assegura que os clientes não serão prejudicados, seja qual for o modelo de compra escolhido. Se apenas a Varig Doméstica for vendida, estão previstos acordos comerciais com a Varig Internacional, que ficará com o passivo e a receita do Smiles. No caso da venda de toda a companhia, será criada a Varig Comercial, que prestará serviços à nova empresa, ficará com o passivo e administrará o Smiles.

A empresa que herdar o passivo será controlada pelo Fundo de Investimentos e Participações (FIP), cujo gestor é o Banco Brascan.

AGÊNCIA O GLOBO
 
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