A Varig sofreu com diversos problemas para entrar na crise financeira atual. Segundo o advogado Marcelo Carpenter, do escritório Sergio Bermudes, autor do pedido de recuperação judicial da Varig, entre as causas estão o preço dos combustíveis no mercado externo, custo do fundo de pensão dos funcionários, a existência de linhas deficitárias e créditos não pagos pelo governo federal e estados.

O advogado ainda não descarta que má gestão na companhia aérea em momentos passados tenham gerado a crise. Atualmente, a dívida da empresa alcança cerca de R$ 7,9 bilhões. Na avaliação do advogado, um dos primeiros itens que precisam ser levados em conta é o custo do combustível fora do Brasil.

– Esse foi um fator de deterioração das finanças da Varig. Ao contrário do que acontece no mercado interno, onde você tem a Petrobras fixando preços, no mercado externo cada vez que aumenta o preço do barril do petróleo a resposta nas bombas é imediata. Não tem o colchão da Petrobras absorvendo o aumento – disse Carpenter. Como a Varig chegou a responder por 90% das linhas internacionais do Brasil, estava mais exposta a esse custo do que outras empresas.

Segundo informou Carpenter, a crise nas finanças da empresa também está no custo de manutenção do fundo de pensão dos funcionários, conhecido como Aerus. A dívida só com o fundo seria de R$ 1,2 bilhão. Um terceiro problema, segundo o advogado, foi o número de linhas deficitárias mantidas durante muitos anos pela Varig em todo o Brasil.

Outra situação que o advogado considera muito peculiar ao Brasil é o fato de a Varig ter cerca de R$ 5 bilhões de créditos, reconhecidos judicialmente, sem que o pagamento seja efetivado. Ele considera que se ocorresse o encontro de contas entre as dívidas da Varig junto ao governo e do governo junto à companhia, o passivo poderia até ser eliminado.

AGÊNCIA BRASIL