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Declarado politicamente morto pelo governo americano, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Yasser Arafat, reagiu publicamente nessa terça, dia 25, ao discurso do presidente George W. Bush, que defendeu, na segunda-feira, a criação de um Estado palestino sem a sua presença.
– Isso é o meu povo que irá decidir. Eles são os únicos que podem determinar isso – afirmou Arafat, adotando um tom desafiador, ao referir-se ao pedido de Bush para que os palestinos escolham novos líderes “comprometidos com a paz”.
Logo depois do discurso de Bush, a ANP havia divulgado uma nota dizendo que as propostas do presidente americano poderiam ser uma contribuição séria para relançar o processo de paz. Ontem, apesar das críticas, Arafat voltou a afirmar que considerava “importante” o pronunciamento de Bush, principalmente, porque o presidente americano mencionou a criação de um Estado palestino.
A declaração de Arafat foi dada em entrevista ao lado do ministro das Relações Exteriores da França, Dominique de Villepin, em Ramallah. Sob forte pressão para reformar a ANP, o líder palestino chegou a assinar um decreto, na segunda-feira, prevendo a realização de eleições presidenciais em 2003. Em conversa com Villepin, ele teria afirmado que as eleições presidenciais e legislativas serão realizadas em janeiro, e as eleições locais, em março.
Sem citar o nome de Arafat uma única vez, Bush anunciou na segunda-feira a política americana para o Oriente Médio e condicionou seu apoio à futura Palestina à criação de instituições democráticas por parte dos palestinos. A Europa reagiu com cautela e não endossou o pedido de Bush de mudanças no comando palestino. Javier Solana, chefe de política externa da União Européia (UE), disse que a entidade está novamente pronta para ajudar a organizar eleições que poderiam dar aos palestinos “uma oportunidade de escolher seus líderes”.
A UE desempenhou um papel de liderança nas eleições palestinas de 1996. De modo geral, entretanto, os líderes europeus demonstraram satisfação com o pronunciamento de Bush, considerado uma indicação da vontade americana de se comprometer com esforços para pôr fim à violência na região. Também expressaram apoio à criação de um Estado palestino, à reforma na ANP e à retirada do exército israelense da Cisjordânia.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, por sua vez, disse que se opõe à proposta americana de destituição de Arafat. Annan também pediu que israelenses e palestinos encontrem “coragem e vontade política” para concluírem o processo de paz em três anos, prazo previsto por Bush para a criação do Estado palestino. O secretário-geral da ONU pediu ainda o fim da ocupação israelense, que dura desde 1967, em troca de um acordo que permita aos dois Estados “viverem lado a lado em paz e segurança”.
Ainda ontem, pelo menos quatro policiais palestinos morreram em um tiroteio quando tropas isralenses entraram em áreas sob controle palestino em Hebron, na Cisjordânia, e cercaram o quartel-general do governador. A incursão ocorreu menos de um dia depois de Israel anunciar uma grande ofensiva na Cisjordânia e na Faixa de Gaza para reprimir atividades terroristas. Hebron é a sétima das oito principais cidades palestinas na Cisjordânia a ser invadida pelas forças armadas israelenses.
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