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 | 11/09/2002 11h02min

Annan faz alerta contra ataque unilateral ao Iraque

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, alertou na quarta-feira, dia 11, os Estados Unidos a não adotarem ações militares unilaterais contra o Iraque, dizendo que todas as atitudes devem ser aprovadas pelo Conselho de Segurança.

– É extremamente importante que seja multilateral, o que também significa aprovação do Conselho de Segurança – afirmou Annan à rádio BBC, de Londres. – Se alguém atua unilateralmente, com um ou dois países, não sabemos o que acontece no final – as conseqüências inesperadas desse conflito.

Na quinta-feira, dia 12, o presidente norte-americano, George W. Bush, deve apresentar suas acusações contra o Iraque à Assembléia Geral da ONU, que reúne os 190 países da entidade. No fim-de-semana, ele conseguiu o apoio do britânico Tony Blair para um eventual ataque destinado a derrubar Saddam Hussein do poder. Mas muitos outros países se opõem ao ataque, temendo instabilidades regionais e mundiais.

A Casa Branca acusa Saddam de produzir armas de destruição em massa. Annan disse que ainda não viu nenhum sinal de que o Iraque esteja disposto a permitir a volta dos inspetores da ONU que investigariam se o país produz armas ilegais. O secretário-geral disse que a hipótese da retomada das inspeções ''não pode ser excluída''. Ele mencionou as crises no Afeganistão, na Caxemira, no Oriente Médio e em vários lugares da África para dizer que o mundo já é "um lugar bagunçado'', que poderia piorar em caso de guerra entre Estados Unidos e Iraque.

– Uma grande operação militar no Iraque vai aumentar as tensões internacionais. E nem menciono o retrocesso econômico – afirmou.

Annan disse que a intervenção da ONU é importante para a ''legitimidade internacional'' de qualquer ação contra Saddam Hussein.

– Trata-se de garantir alguma ordem no difícil mundo em que vivemos.

Segundo ele, a ONU "não vai sair defendendo um regime [o iraquiano] que desafiou suas resoluções'', e um eventual veto ao ataque no Conselho de Segurança "não significa que o Conselho esteja protegendo o presidente Saddam Hussein''. Foi o próprio Conselho de Segurança que em 1990 impôs sanções ao Iraque, depois de o país invadir o Kuweit.

Foi também o Conselho que autorizou, no ano seguinte, que uma coalizão liderada pelos EUA fizesse a Guerra do Golfo, para expulsar os iraquianos do Kuweit. Para que as sanções sejam suspensas, Saddam deve autorizar a inspeção para verificar se ele fabrica armas químicas, biológicas e nucleares. Os inspetores saíram do país em 1998, acusando o governo de não colaborar, e desde então não puderam mais voltar. As informações são da agência Reuters.

 
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