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 | 24/09/2002 10h19min

Blair diz que Iraque precisa de 45 minutos para lançar arma

A Grã-Bretanha disse na terça-feira, dia 24, que o presidente do Iraque, Saddam Hussein, precisa de apenas 45 minutos para lançar uma arma de destruição em massa. Em um dossiê que apresenta suas razões para um eventual ataque ao país, o primeiro-ministro Tony Blair (foto) disse que Saddam estoca armas químicas e biológicas e está "pronto para usá-las'', com a capacidade de "infligir danos reais à região e à estabilidade do mundo''.

O Iraque respondeu imediatamente, dizendo que "o senhor Blair está agindo como parte da campanha sionista contra o Iraque, e todas suas acusações são infundadas'', afirmou o ministro iraquiano da Cultura, Hamed Yousif Hummadi. Em um discurso ao Parlamento nesta terça, Blair afirmou que não tinha dúvidas de que o Iraque e seus vizinhos estariam muito melhor sem Saddam e disse que os canais diplomáticos vêm sendo seguidos, mas que a preparação para uma resposta tem que continuar lado a lado com tais medidas.

– Nosso caso é simplesmente esse. Não que tomaremos uma atitude militar aconteça o que acontecer. Mas o caso para assegurar o desarmamento iraquiano é imenso – explicou Blair ao Parlamento, reconvocado para um debate de urgência. – Ao lado da diplomacia, precisa haver preparação genuína e planejamento para uma ação, se a diplomacia falhar.

As 50 páginas do dossiê contêm poucas provas novas contra Saddam, mas buscam resumir a ameaça representada por ele. Em uma de suas páginas mais bizarras, o documento mostra o desenho de uma instalação presidencial usada por Saddam, comparando-a à área relativamente modesta do palácio de Buckingham, residência oficial da rainha Elizabeth II.

Blair é o único líder ocidental que deu apoio total às ameaças dos Estados Unidos de atacar o Iraque. Com o dossiê, ele quer convencer a parte de seu próprio partido, o Trabalhista, que está contra a guerra. O texto frisa os esforços de Saddam para reconstruir suas armas químicas, biológicas e nucleares e desenvolver mísseis balísticos de médio alcance, proibidos para ele desde 1991.

O dossiê não diz que Saddam já tem a bomba atômica, mas afirma que o Iraque buscou "quantidades significativas de urânio'' na África, apesar de não ter declaradamente um programa nuclear que justificasse tal compra. O Iraque estaria, segundo o texto, "buscando uma habilidade nativa para enriquecer o urânio ao nível necessário para armas nucleares (...), mas precisa de certos elementos-chave, incluindo componentes para uma centrífuga a gás e para a produção de material físsil antes que uma bomba nuclear possa ser desenvolvida''.

Caso o Iraque consiga derrubar ou driblar as sanções para adquirir esses componentes, o país poderia ter armas nucleares dentro de um ou dois anos, segundo o governo britânico. O dossiê diz ainda que Saddam manteve, ilegalmente, até 20 mísseis Al Hussein, com abrangência de 650 quilômetros e capacidade para armas químicas e biológicas. Ele também estaria se aproveitando da ausência de inspetores de armas para aumentar o raio de ação dos mísseis Al Samoud para pelo menos 200 quilômetros, superior ao que permite a Organização das Nações Unidas (ONU). As informações são da agência Reuters.

 
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