| 29/09/2002 14h09min
Israel retirou tanques e soldados que cercavam o escritório de Yasser Arafat neste domingo, dia 29, afirmando que levantaria o cerco, que já durava 10 dias, ao líder palestino depois de ser pressionado por Washington. Testemunhas afirmaram que tanques, tratores e veículos de transporte deixaram o complexo presidencial, que foi quase completamente destruído pelos tratores israelenses quando o cerco começou, em resposta a dois ataques suicidas.
Os guarda-costas de Arafat apareceram nas janelas do que restou dos prédios. "Derrotamos os israelenses'', gritou um, com a arma nas mãos. Moradores palestinos e autoridades de segurança correram para o complexo assim que as tropas deixaram o local. Ainda não está clara a extensão da retirada das forças de Israel. Israel, que ocupou desde junho a cidade de Ramallah, na Cisjordânia, onde Arafat tem seu escritório, disse que suas tropas permaneceriam perto o suficiente do complexo presidencial para evitar a fuga de 50 militantes procurados que estariam escondidos no prédio.
– O Exército de Israel distanciará suas tropas do complexo de Muqata (de Arafat) e permanecerá mobilizado de tal modo que os terroristas procurados não poderão fugir livremente – disse Raanan Gissin, porta-voz do premiê israelense, Ariel Sharon. – Ao mesmo tempo, qualquer um que não esteja envolvido pode ir e vir sem nenhuma restrição.
Ele disse que a retirada estaria completa no fim do domingo. A Rádio Israel disse que as tropas se retirariam para pontos de observação mais distantes, mas que lhes permitiriam continuar a vigiar o complexo de Arafat. A Autoridade Palestina emitiu um comunicado chamando a retirada de "farsa'' que viola a resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) exigindo o fim do cerco.
– Eles precisam deixar nossas cidades e vilas, de acordo com o Conselho de Segurança e de acordo com todo o mundo – disse Nabil Shaat, ministro palestino.
Israel havia prometido encerrar o cerco apenas quando os militantes palestinos suspeitos fossem presos. A reviravolta veio depois de uma mensagem do presidente norte-americano, George W. Bush, para Sharon, exigindo um fim rápido para o cerco. O jornal Washington Post, citando diplomatas e outras fontes, afirmou que o governo Bush disse a Sharon que o cerco a Arafat prejudicava a política norte-americana sobre o Iraque. Ainda não está claro se Arafat poderia viajar livremente fora de seu escritório, embora o líder palestino não tenha deixado o complexo presidencial desde junho.
– Estamos removendo nossas forças do local atual para um novo lugar. É provável que elas não sejam mais vistas e que usemos outros meios para garantir que aqueles que não estão envolvidos com o terrorismo possam se movimentar livremente – disse Gissin.
O cerco reforçou a popularidade de Arafat, até então em baixa, e interrompeu as reformas palestinas, um passo fundamental para a retomada das negociações de paz. Além disso, ainda causou divisão dentro da coalizão que sustenta o governo de Sharon, onde o Partido Trabalhista, de centro-esquerda, tem uma desconfortável aliança com a direita e os partidos religiosos.
As informações são da agência Reuters.
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