| 11/10/2002 16h49min
A cotação do dólar comercial fechou a sexta-feira, 11 de setembro, em R$ 3,81 para compra e em R$ 3,82 para venda, em baixa de 4,02% ante esta quinta. No mês, a moeda norte-americana acumula uma valorização de 1,73%. No ano, este índice chega a 64,94%. O recuo na cotação ocorreu depois de anúncio de medidas do Banco Central (BC).
A partir de 21 de outubro, haverá um aumento adicional da alíquota dos depósitos compulsórios à vista de 3% para 8%. A autoridade monetária ainda aumentou a alíquota adicional dos depósitos compulsórios a prazo de 3% para 8% e da poupança de 5% para 10%. Depósito compulsório é um recolhimento obrigatório que o BC exige das instituições financeiras sobre os depósitos a prazo e à vista existentes nos bancos. Trata-se de uma das medidas de controle do mercado financeiro de que dispõe o BC e que tem como objetivo reduzir a liquidez dos bancos, isto é, o volume de dinheiro disponível. Com isso, as instituições dispõem de menos recursos para "ações especulativas", como comprar dólares, por exemplo.
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, as medidas retiram da economia R$ 14,2 bilhões. Ele justificou a decisão afirmando que foi adotada em razão da continuidade da volatilidade do ambiente.
O BC também reduziu o limite máximo de exposição cambial dos bancos de 60% para 30%. O percentual de exposição cambial que conta no acordo de Basiléia passou de 75% para 100%. Figueiredo informou que estas regras passam a valer a partir do dia 16.
Nesta quinta, a divisa norte-americana fechou em R$ 3,98, novo recorde do Plano Real, depois de ultrapassar os R$ 4. Com a cotação, o valor nominal do real em relação ao dólar ficou 8% inferior ao do peso argentino. Enquanto o real vale cerca de US$ 0,25, o peso, na cotação oficial do Banco Central Argentino, está a US$ 0,27.
A cotação atingida pelo dólar causou preocupação à equipe do presidente Fernando Henrique Cardoso. No Palácio do Planalto, avaliou-se que a nova alta foi também decorrência da entrevista do presidente do BC, Armínio Fraga, na quarta, considerada desastrosa. Ele falou após encontro da equipe econômica no Palácio do Planalto e deu a impressão de querer transformar o câmbio em cabo eleitoral de José Serra (PSDB), ao criticar a falta de clareza dos candidatos sobre seus planos.
O economista Guido Mantega, assessor econômico do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que Fraga “jogou a toalha” e, por isso, o dólar não pára de subir. Ao comentar a afirmação de Fraga, sobre propostas econômicas “exóticas” e “estapafúrdias” dos candidatos, o economista do PT disse que, há dois meses, Fraga considerou as idéias do partido “maduras” e compatíveis com a estabilidade e o equilíbrio fiscal.
A pressão sobre o dólar vem de motivos conhecidos: a incerteza política e a forte concentração de vencimentos de dívidas pública e privada neste mês. No dia 17, vencem US$ 3,6 bilhões em dívida do governo atrelada ao dólar. O mercado de câmbio opera há meses com falta de dólares. O crédito externo secou. As declarações de Fraga, admitindo que há pouco a fazer, intranqüilizaram mais o mercado.
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