Os Estados Unidos concordaram em desistir de uma resolução da ONU que os autorize a usar a força militar contra o Iraque, cedendo à pressão da França e abrindo caminho para um acordo que encerraria um mês de impasse, segundo diplomatas. Na quinta-feira, dia 17, a França se mostrava favorável à nova proposta norte-americana. Mas o presidente Jacques Chirac, que está em viagem ao Oriente Médio, ainda tem de examiná-la.

A Rússia, que como a França também tem poder de veto no Conselho de Segurança, pode apresentar uma resolução própria. Os Estados Unidos devem apresentar a sua nova proposta, que dá grandes poderes aos inspetores de armas da ONU, ainda nesta sexta-feira aos principais membros do Conselho. A partir daí, deve começar uma fase de intensa negociação, especialmente com a França. A nova proposta está mais perto do que queriam os franceses: uma primeira resolução exigindo a retomada das inspeções de armas no Iraque e, eventualmente, uma segunda resolução autorizando o uso da força, caso o Iraque não cumpra suas obrigações.

Os Estados Unidos até agora queriam uma só resolução abrangendo os dois temas. Mas o secretário de Estado, Colin Powell, disse na quinta-feira que seu país ainda não se decidiu por nenhuma proposta e se reserva o direito de agir como bem entender.

– Os Estados Unidos não precisam de autoridade adicional nem agora, se julgarmos que é necessário tomar medidas para nos defender – afirmou Powell, após reunião com o inspetor-chefe da ONU, Hans Blix.

Segundo a nova proposta norte-americana, resultado de muitas horas de discussões entre Powell e os chanceleres da França, Rússia, China e Grã-Bretanha, a Casa Branca também está disposta a abrir mão da exigência de que os cinco membros permanentes do Conselho enviem representantes para acompanhar as inspeções. Também é possível que um contingente militar que acompanharia a missão seja substituído por um simples corpo de guardas.

A presença militar e dos diplomatas era vista por Blix como uma ameaça à independência da inspeção. Segundo o plano norte-americano, os inspetores devem informar a ONU imediatamente se perceberem que o Iraque cometeu irregularidades. O Conselho de Segurança se reuniria então para decidir um eventual ataque ao Iraque.

Para isso seria necessária uma segunda resolução, mas se o Conselho decidisse que não é o caso do uso da força, os Estados Unidos poderiam seguir adiante por conta própria, de forma unilateral. Na sua proposta original, os Estados Unidos diziam que qualquer membro da ONU poderia usar a força contra o Iraque se assim julgasse necessário. No debate de quinta e sexta-feira, vários países se manifestaram contra a guerra e pediram que os inspetores da ONU tenham tempo de fazer o seu trabalho. As informações são da agência Reuters.