| 28/10/2007 19h30min
Urnas eleitorais foram levadas neste domingo, pela primeira vez na história, às prisões argentinas, onde cerca de mil reclusos preventivamente e com documento de identidade puderam exercer seu direito a voto. A primeira votação nas cadeias só foi possível graças à eliminação, em 2003, de uma lei que impedia a inclusão nos censos das pessoas que estivessem presas.
As eleições realizadas hoje na Argentina decidirão o presidente e o vice-presidente do país pelos próximos quatro anos, renovarão a metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado e escolherão os governadores de oito províncias. Votaram 860 reclusos, distribuídos em 11 províncias, embora a maioria o tenha feito nas prisões de Devoto, na capital argentina, e de Ezeiza e Marcos Paz, na província de Buenos Aires.
Em Devoto, as autoridades tiveram de suspender a votação porque as urnas instaladas não eram suficientes para reunir os votos dos que se apresentaram para depositar as cédulas, segundo a agência
Télam.
— Há poucos
dias fizemos um simulacro para ver como seria a coisa, para estarmos prontos e preparados para a votação — explicou Leandro Gómez, 20 anos, recluso no centro penitenciário de Ezeiza. Gómez, que aguarda sentença por roubo, afirmou, após depositar seu voto, que demorou para sair do "quarto escuro", local onde o votante introduz a cédula escolhida no envelope, porque teve de pensar "muito" em sua escolha.
— Votar é importante porque é uma experiência para o dia de amanhã. Vamos ver se o ganhador faz algo para melhorar o futuro — explicou o jovem.
Os reclusos, porém, não votavam com desconhecimento dos candidatos, já que há duas semanas assistentes sociais começaram a falar com eles sobre eleições e eles mesmos puderam se informar dos planos dos candidatos por meio da TV, do rádio e dos jornais. Embora o voto na Argentina seja obrigatório e quem não se apresentar para depositá-lo pode ser sancionado com multa, essa norma não vale para os presos, que podem decidir se votam
ou não.
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