| 29/10/2007 04h50min
Atualizado às 8h49min
Os argentinos apostaram na continuidade do modelo do presidente Néstor Kirchner com uma votação amplamente favorável neste domingo à primeira-dama, Cristina, que será a segunda mulher a exercer o cargo de presidente na história de seu país.
Com 94,16% das urnas apuradas, Cristina Kirchner, 54 anos, obteve no pleito deste domingo cerca de 44,66% dos votos e uma vantagem de mais de 20 pontos percentuais sobre o segundo candidato mais votado, o que torna desnecessária a realização de um segundo turno, segundo dados oficiais provisórios divulgados hoje.
Em segundo lugar ficou a centro-esquerdista Elisa Carrió, da Coalizão Cívica, com 23,8% dos votos, e em terceiro o centro-progressista e ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, da frente Uma Nação Avançada (UNA), com 16,98%.
Com essa percentagem, a primeira-dama obteve quase o dobro do número de votos conquistados por seu marido nas
eleições de 2003. No entanto, não conseguiu bom desempenho
nos grandes centros urbanos da Argentina, segundo os resultados oficiais provisórios.
Em Buenos Aires, a ganhadora foi Elisa, com vantagem de 10 pontos percentuais sobre Cristina, e em outras grandes cidades como Córdoba, Rosário, Mar del Plata e Bahía Blanca, a primeira-dama e senadora também foi superada por outros candidatos.
"Lua-de-mel" com a população
será curta, prevê especialista
Cristina não tratou em nenhum momento da campanha de desvincular-se de seu marido, e tampouco o fez quando proclamou sua vitória. Acompanhada por Néstor Kirchner, a quem se referiu como seu "amor" e seu "companheiro de toda a vida", Cristina fez referência ao momento difícil que marcou a ascensão de seu marido à presidência, e disse que com "seus acertos e erros" ele demonstrou ser "um homem profundamente comprometido com seu país e seu povo".
A candidata, que assumirá em 10 de dezembro o Executivo
argentino junto com o vice-presidente, Julio Cobos, convocou todos os
argentinos — "sem ódios nem rancores" — a participar de seu projeto de Governo e revelou sentir-se "duplamente responsável", por ser presidente e por ser mulher.
Cristina interpretou sua vitória como um apoio à gestão de Néstor, que foi eleito com 22% dos votos e quatro anos depois goza de uma popularidade de 45%. Segundo o analista político Rosendo Fraga, o ponto positivo do governo de Néstor Kirchner foi a reconstituição do poder político presidencial, debilitado pela crise de 2001-02, e o fato de o líder também ter conseguido tirar proveito de um período de crescimento econômico.
O negativo é que aumentou o desequilíbrio de poderes em favor do Executivo, que sua política diminuiu a pobreza mas não a desigualdade e que não se alcançou uma plena reinserção no plano internacional, ainda de acordo com Fraga. Outro analista político, Fabián Perechodnik, acredita que o Governo de Cristina terá uma curta "lua-de-mel" com o eleitorado, precisamente por ser visto como uma
continuidade do de
Néstor. Cristina herdará os problemas que Néstor deixou sem resolver e terá de enfrentá-los mais cedo que tarde, avalia Perechodnik.
Eleições para governador também
consagraram o "kirchnerismo"
Além de escolher o presidente e o vice-presidente do país para os próximos quatro anos, os argentinos foram às urnas neste domingo para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, e os eleitores de oito províncias também puderam escolher seus governadores. Nas eleições para governador, o "kirchnerismo" também saiu-se vencedor, ainda de acordo com resultados provisórios. A Frente para a Vitória triunfou nas províncias de Mendoza, Misiones e Salta, até agora governadas por outras forças, e manteve-se no poder em outras cinco.
A contagem dos votos para senador e deputado será mais lenta e complicada, porque o eleitor podia votar de maneira diferente nas presidenciais e legislativas, e nestas últimas
misturar candidatos de listas distintas.
Cristina interpretou resultado do pleito como apoio à gestão do marido, Néstor
Foto:
Javier García Martino, EFE
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