| 12/11/2007 22h45min
Responsável pelo desencadeamento da Operação Rodin, a Polícia Federal (PF) anunciou no domingo que, em poucos dias, começará a ouvir o depoimento de outras pessoas suspeitas de envolvimento na fraude que teria resultado em um desvio de cerca de R$ 44 milhões dos cofres públicos. Entre elas está o ex-reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Paulo Jorge Sarkis.
Em dezembro de 2003, quando a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec), ligada à UFSM, firmou contrato com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para confecção de carteiras de habilitação, Sarkis era o responsável pelo UFSM. O ex-reitor, segundo a decisão da Justiça Federal que resultou na operação, teria se valido das forças políticas a que tinha acesso, especialmente dos lobistas da família de José Antônio Fernandes e do empresário Lair Ferst, para a obtenção do contrato.
O esquema supostamente envolveria a contratação terceirizada, via Fatec, de empresas de parentes e pessoas ligadas
a outros suspeitos de
serem mentores do golpe. Nesta segunda-feira, Sarkis estava em Santa Maria, mas, segundo a família, ele não iria se pronunciar por orientação de seu advogado, Fabio Fayet. Na sexta-feira, Fayet disse que daria uma entrevista sobre o assunto amanhã, em Porto Alegre.
— Sarkis será chamado para depor nos próximos dias, já que era o reitor da UFSM quando o contrato foi assinado. Por enquanto, será apenas um depoimento — afirmou o delegado da PF responsável pelo caso, Gustavo Schneider.
Entenda como funcionava o esquema
Dos suspeitos de envolvimento na fraude, 13 tiveram os mandados de prisão temporários decretados pela Justiça Federal na última terça-feira. Desses, cinco ainda estão detidos na sede da PF, na Capital, após terem seus mandados de
prisão prorrogados. Entre eles está o ex-diretor-executivo da
Fatec Silvestre Selhorst. Na noite de sábado, Rubem Höher, proprietário da Doctus, uma das empresas terceirizadas suspeitas de superfaturamento, foi solto pela PF após prestar três depoimentos. O advogado Moacir Fischmann não soube dizer se Höher estaria retornando a Santa Maria. Segundo Schneider, cada um dos depoimentos tem tido em torno de 10 horas de duração. Apesar do cansaço, o delegado se mostra satisfeito com os depoimentos.
— Eles estão mudando as versões com facilidade. O edifício que eles (suspeitos) estavam construindo está se esvaindo como um castelo de areia — comparou o delegado.
Segundo Schneider, a PF tem recebido denúncias de que estariam sendo destruídas provas documentais sobre a suposta fraude. Pessoas têm procurado voluntariamente a PF para entregar documentos sobre o esquema, salientou. O superintendente da PF no Estado, delegado Ildo Gasparetto, garantiu que a polícia está conferindo todas as denúncias de destruição de documentos e que, se
forem confirmadas, será
pedida a prisão dos suspeitos. Nenhum dos suspeitos que ainda estão presos depôs. Os depoimentos recomeçam hoje, quando outros suspeitos poderão ser liberados.
— No decorrer da semana, vamos ter novidades — avisou Schneider.
Delegado Ildo Gasparetto apresenta maleta usada para transportar dinheiro do esquema
Foto:
Ricardo Duarte
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