O presidente do Peru, Alan García, pediu hoje ao chefe de Estado colombiano, Álvaro Uribe, que se desculpe com o povo e governo do Equador por ter invadido o território do país vizinho e solicitou à Venezuela que não interfira no conflito.
García, que defendeu o respeito à soberania de todos os países, fez as declarações no Palácio do Governo de Lima depois de se reunir com o governante equatoriano, Rafael Correa, que lhe expôs as razões que o levaram na segunda-feira a romper relações diplomáticas com a Colômbia.
— Desejamos colocar um fim justo e honroso a esta circunstância: que nosso querido amigo, o presidente Uribe, estenda suas desculpas ao povo e ao governo equatoriano. Compreendemos as razões e o enorme conflito interno que pode haver na Colômbia, mas neste caso foi-se além do que as leis internacionais permitem. Sobre isso não podemos silenciar, seria abrir as portas a que esse precedente se repetisse em nosso continente — ressaltou o chefe de Estado
peruano.
O presidente peruano mostrou sua compreensão pela decisão de Quito de romper relações com Bogotá depois que tropas colombianas bombardearam um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Equador e mataram um dos líderes da guerrilha, Luis Edgar Devia, o Raúl Reyes.
A desculpa de Uribe, de acordo com García, deveria permitir "que não volte a ocorrer um caso semelhante".
O chefe de Estado peruano aproveitou seu pronunciamento para destacar que "a ocasião é propícia para colocar sobre a mesa a necessidade de que não exista qualquer tipo de infiltração ideológica ou propagandista" de terceiros.
— Nosso discurso e
nosso diálogo com o presidente Correa é a título de irmãos, mas
entendemos que deve ser resolvido pela Colômbia e pelo Equador, de acordo com a soberania e os princípios internacionais, ninguém mais deve se interpor. Um terceiro país neste problema não faz bem — ressaltou, aludindo à posição da Venezuela no conflito.
— A Venezuela, que não foi ofendida, que não teve um ato de invasão em seu território, não deveria acrescentar tumultos, nem palavras, nem fatos — acrescentou sobre o deslocamento de tropas venezuelanas à fronteira e à expulsão do embaixador colombiano em Caracas.
O presidente também pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA), à União Sul-Americana e ao Grupo do Rio que se pronunciem sobre o caso, para "afiançar a cordial relação que nos últimos tempos havia entre Colômbia e Equador".
Agora é o momento de resolver esta crise diplomática, porque "tempo haverá mais à frente para discutir os riscos do uso que podem trazer movimentos insurrecionais em nossos territórios", apontou.
García se referia assim ao próprio Peru,
país também fronteiriço com a Colômbia e onde acredita-se que as Farc podem estar operando.
EFE