| 20/03/2008 19h11min
O governo chinês recusou conversações com Dalai Lama, apesar das crescentes pressões internacionais para que Pequim dialogue com o líder tibetano exilado, no momento em que aumenta a presença militar chinesa no Tibete.
O porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Qin Ganag, disse que Pequim classifica Dalai Lama oficialmente como um líder religioso "falso" e "hipócrita" que deseja a independência do Tibete.
— O Dalai Lama deve desistir da sua exigência de um Tibete independente, acabar com suas atividades separatistas, reconhecer que o Tibete é parte da China e que o governo da República Popular da China é o único governo legítimo — disse Qin Gang em entrevista coletiva.
Ele respondia aos apelos do Papa Bento XVI e do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, para novas negociações entre Pequim e o Dalai Lama, que disse novamente estar disposto a negociar com a China "dentro de semanas, dentro de alguns meses".
Dalai Lama afirmou que não deseja a independência
do Tibete, mas uma "autonomia significativa", afirmações que Qin Gang voltou a desvalorizar.
O porta-voz reforçou as acusações chinesas de que "o grupo do Dalai Lama" foi o autor das manifestações contra a administração no Tibete. Os atos começaram em 10 de março em Lhasa, a capital tibetana, e se tornaram violentos no último dia 14.
— Ele diz que não é um separatista, mas as suas propostas e ações provam que ele nunca parou com as suas palavras e atos que visam separar a pátria — disse Qing.
O porta-voz se recusou a explicar como Dalai Lama pode convencer o governo chinês de que não busca a independência do Tibete. Pequim diz que os motins de Lhasa deixaram 325 feridos e 16 mortos, incluindo 13 queimados pelos manifestantes e três que morreram ao saltar de janelas e telhados.
Os grupos de exilados tibetanos dizem que a repressão chinesa sobre os manifestantes causou pelo menos 100 mortos. A agência de notícias oficial Nova
China confirmou nesta quinta-feira que os protestos
se espalharam pelas províncias de Sichuan e de Gansu, onde vivem muitos tibetanos.
Qin Gang também aconselhou turistas estrangeiros a evitar estas duas províncias, apesar de dizer que "a situação está basicamente sob de controle".
— Para garantir a segurança dos turistas estrangeiros, sugerimos que não visitem estes locais no momento presente — disse Qin Gang, antes de afirmar que "o governo chinês é totalmente capaz de garantir a proteção dos turistas".
Protestos pró-Tibete foram realizados em diversas partes do mundo nos últimos dias. Na terça-feira, por exemplo, um grupo manifestou-se em frente ao Comitê Olímpico Internacional (COI), em Lausanne.
Protestos continuam a ocorrer apesar de Dalai Lama ter ameaçado renunciar à chefia do governo tibetano
Foto:
Harish Tyagi, EFE
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