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 | 03/04/2003 10h13min

Humberto Costa afirma ser possível evitar epidemia de Sars

Ministro não afastou, porém, a vulnerabilidade do país à entrada do vírus

Um dia depois de procurar tranqüilizar a população sobre o avanço da Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars, em ingês) no Brasil, o ministro da Saúde, Humberto Costa, afirmou não ser possível impedir a entrada da doença no país, mas garantiu poder evitar uma epidemia. Em entrevista concedida ao programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo, o ministro afirmou que o fato de ainda não se saber qual o agente causador da doença e o período de incubação torna praticamente impossível estabelecer um controle sobre o ingresso do vírus.

Costa ressaltou a importância e a necessidade das pessoas com sintomas ou em contato com infectados procurarem o serviço de saúde:

– Estamos acompanhando minuto a minuto as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Se surgir algum medicamento, não vamos poupar esforços para tê-lo aqui. E vamos transmitir à população, sem esconder nenhuma informação, toda a evolução do quadro, que é uma orientação do governo.

O ministro voltou a assegurar que os colegas da jornalista inglesa, com suspeita de Sars, estão sendo monitorados. Caso os profissionais sinalizem qualquer um dos sintomas, serão, imediatamente, isolados.

– Até o momento, não houve nenhuma falha no procedimento de prevenção da entrada do vírus – garantiu.

Depois da notificação da primeira suspeita de paciente com Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars) no Brasil, Humberto Costa apresentou, nessa quarta, as medidas que o governo federal adota para evitar que os rumores sobre os sintomas da doença acarretem uma procura desenfreada pelas unidades de saúde de todo o país.

– Não é uma coisa que passou, pegou – tranqüilizou o ministro.

Desde 1º de fevereiro, dia no qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou o primeiro registro de enfermo, o país pratica ações para evitar a chegada da Sars ao Brasil. Aeroportos e portos brasileiros foram orientados a encaminhar passageiros com sintomas da doença – tosse seca, falta de ar, febre acima de 38ºC, fadiga muscular e histórico de contato com paciente já diagnosticado como doente – aos hospitais mais bem equipados de cada região, com o objetivo de evitar a transmissão.

Ainda que a contaminação se dê pelo ar, é necessário, segundo explicou o ministro, um contato mais íntimo para que a Sars se propague. Entenda-se "contato íntimo", conforme Humberto Costa, a aproximação tida, por exemplo, pelos médicos que tratam dos pacientes ou da pessoa que viajou de Cingapura ao Brasil ao lado da jornalista inglesa com a suspeita.

O ministro recomendou que viagens à China, principalmente aquelas que tenham como destino Hong Kong, sejam adiadas. Naquela região, foi registrado o maior número de casos da Sars. Para as demais zonas asiáticas, o cuidado pode ser menor: evitar aglomerações de pessoas e contatos com febris, cujo diagnóstico não se conheça.

Também nessa quarta, o primeiro boletim médico sobre o estado de saúde da jornalista inglesa internada em São Paulo sob suspeita de Sars disse que o quadro clínico da paciente apresenta características de pneumonia bacteriana. O estado geral dela, acrescenta o texto do Hospital Albert Einstein, é bom. O nome da jornalista não foi divulgado.

Assim como a inglesa, 25 jornalistas que chegaram ao país no mesmo vôo estão sendo monitorados. Todos estão acomodados no mesmo hotel em São Paulo, o que facilitou o processo de acompanhamento. 

Os dados mais recentes da OMS revelam que 1804 casos da doença em todo o mundo foram registrados. O número de óbitos chega a 62. O enfermo se manifesta com maior gravidade nos infectados com idades superiores a 40 anos ou naqueles com algum comprometimento imunológico. Acredita-se que o agente causador da Sars seja um vírus. A informação, entretanto, não foi confirmada.

 
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