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Espanha enterra seus mortos enquanto se prepara para eleições

Primeiro funeral coletivo foi realizado neste sábado

A Espanha enterrou neste sábado, dia 13, o primeiro grupo de mortos nos atentados a bomba em Madri, num funeral coletivo realizado no estádio El Juncal, na cidade de Alcalá de Henares. Quarenta mortos nos atentados da última quinta morava na cidade, deonde partiram três dos quatro trens atacados. A cerimônia foi celebrada pelo bispo da localidade, Jesus Catalá, e teve a participação de milhares de pessoas.

Enquanto o país e as famílias choravam a perda das vítimas do ato terrorista, o número de mortos subia para 200, trazendo uma atmosfera sombria para as eleições gerais espanholas, marcadas para este domingo. Segundo jornal El Pais, 266 feridos ainda estão internados, 17 deles em estado grave. A campanha eleitoral foi suspensa desde que 10 bombas explodiram em quatro trens lotados de passageiros, deixando quase 1,5 mil feridos. A identidade dos responsáveis pelos ataques, que pode influenciar o voto no domingo, permanece um mistério.

O governo disse que o grupo separatista ETA continuava sendo o principal suspeito, mas não descartou a participação de militantes islâmicos vinculados à rede Al-Qaeda. Se for provada uma conexão islâmica, os críticos do governo terão um argumento para mostrar que os atentados foram consequência do apoio do governo espanhol à ocupação norte-americana no Iraque.

Cerca de 11 milhões de pessoas, mais de um quarto da população da Espanha, saíram na chuva para participar de um protesto nacional na sexta contra "o nosso 11 de setembro", como os espanhóis estão chamando o ataque, o pior ato terrorista da história do país. Um grupo ligado à Al-Qaeda assumiu a autoria dos ataques e o ETA negou a participação, mas nenhum dos comunicados foi confirmado como sendo legítimo.

Se a rede terrorista islâmica for a responsável, este terá sido o primeiro ataque de peso em um país ocidental desde os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Caso tenha sido o ETA, significa uma escalada na tática violenta do grupo que matou 850 pessoas em 36 anos e consta na lista de organizações terroristas feita pelos Estados Unidos e pela União Européia. O ETA pressiona pela independência do território basco, uma pequena região no norte da Espanha que tem origem étnica e idioma distintos em relação ao resto do país.

– O fato de ter sido o ETA ou a Al-Qaeda não afeta o repúdio ao terrorismo, mas pode ter diferentes consequências políticas e eleitorais – disse o jornal El País em seu editorial.

Segundo analistas, a prova do envolvimento do ETA pode beneficiar o partido do governo nas eleições de domingo, devido à sua postura anti-ETA. Caso tenham sido perpetrados por militantes islâmicos, os atentados poderão ser considerados uma retaliação ao impopular apoio de presidente José Maria Aznar à guerra no Iraque.

As investigações estão concentradas na cidade de Alcala de Henares, onde o governo afirmou ter sido encontrado um furgão roubado contendo sete detonadores e uma fita em árabe perto da estação de trem.

Veja imagens dos ataques em Madri.

As informações são da agência Reuters.

 
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