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O plano da Espanha de retirar seus soldados do Iraque pode alimentar movimentos pacifistas nos outros aliados dos Estados Unidos, mas é pouco provável que atinja os governos.
O mundo observa atento as reações à mudança radical de posição demonstrada pelo virtual novo líder espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero. Ele chamou a guerra de "desastrosa'', disse que os soldados vão voltar para casa e acusou o presidente norte-americano, George W. Bush, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, de "organizar uma guerra com mentiras''.
A Polônia prometeu manter seus 2,4 mil soldados no Iraque. Varsóvia comanda uma divisão de 9 mil pessoas de 24 países, incluindo 1,3 mil espanhóis, numa região no centro-sul do Iraque.
– Revisar nossas posições no Iraque depois de ataques terroristas seria admitir que os terroristas são mais fortes e que estão certos – disse na Polônia o primeiro-ministro Leszek Miller.
O embaixador da Polônia
na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)
disse que Varsóvia está disposta a manter o comando da força de estabilização depois de 1º de julho, quando a Espanha deveria assumir.
Assim como na Espanha, o governo italiano enfrentou forte oposição popular à guerra contra o Iraque. A situação ficou pior em novembro, quando um ataque suicida matou 19 italianos no sul do Iraque, no que foi a pior baixa militar do país desde a Segunda Guerra Mundial. O partido de extrema-esquerda italiana Refundação Comunista convocou, junto com outros, uma manifestação para o dia 20, o primeiro aniversário do início da guerra, exigindo a volta imediata dos cerca de 2 mil soldados que trabalham na reconstrução.
– A guerra contra o terrorismo traz a catástrofe. (...) É sábio sair do caminho do perigo – disse o líder do Refundação, Fausto Bertinotti.
O primeiro-ministro Silvio Berlusconi chamou a planejada manifestação de "absurda'' e disse que os soldados ficam.
O governo holandês
afirmou que não cederia às pressões para retirar
os 1,1 mil soldados do Iraque, e disse que os ataques não devem atrapalhar as deliberações sobre a extensão da ocupação para além de julho.
– Não podemos abandonar um país como o Iraque à sua própria sorte – disse o primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, na TV.
Na Grã-Bretanha, onde os opositores conservadores apoiaram a decisão do governo de ajudar os EUA, parece ser pequena a possibilidade de um retorno antecipado dos soldados. Mas especialistas acreditam que a pressão popular e de ativistas vá crescer.
– Vai haver clamor público e pressão na Grã-Bretanha, Itália e Polônia, os três aliados leais dos EUA, em razão do que as pessoas encaram como o perigo desnecessário de apoiar os EUA – disse Jonathan Eyal, diretor de estudos do Royal United Services Institute for Defence and Security Studies.
A coalizão Stop the War também convocou uma manifestação no centro de Londres para
sábado.
– O resultado da eleição na Espanha (...) só pode ser
interpretado como um voto contra a guerra – disse o grupo. Em 2003, uma manifestação contra a guerra reuniu 1 milhão de pessoas.
No Japão, onde a decisão de mandar tropas para o Iraque foi especialmente dolorosa, por causa da Constituição pacifista pós-guerra, a população está dividida segundo mostram pesquisas.
Com informações da agência Reuters.
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