Iraquianos que vivem em Falluja condenaram nesta sexta, dia 2, a mutilação dos corpos de quatro civis norte-americanos pelos habitantes da cidade, mas alertaram que pode haver mais sangue se a reação dos Estados Unidos for muito dura.

A mutilação pública dos quatro norte-americanos aconteceu na última quarta, dia 31. Na quinta, um marine dos EUA foi morto num ataque na mesma província, e na sexta um soldado também norte-americano morreu num ataque a bomba em Bagdá.

O Exército dos EUA prometeu uma reação "devastadora'' à mutilação, afirmando que os marines pacificariam a região, a oeste de Bagdá, e caçariam os responsáveis. Os moradores de Falluja, entretanto, acham que os norte-americanos deviam ser mais cautelosos na resposta.

– Eles devem pensar antes de agir. Se eles entrarem em Falluja e usarem a força, só vai haver mais violência, e vai ser sempre assim – disse o tenente Mohammad Tarik, membro das forças de segurança iraquiana em Falluja. – Falluja é assim. Todos estão com raiva da ocupação e há muitos grupos, o que significa que haverá vinganças. Os americanos deviam se manter a distância – concluiu.

Um religioso sunita da cidade denunciou a mutilação em seu sermão de sexta, apesar de não criticar as mortes. Outros moradores lembraram que apenas uma minoria dos habitantes da cidade se envolveu no que um comandante norte-americano classificou de "ato bestial''.

– Denunciamos a mutilação dos corpos dos americanos, o Islã proíbe isso – disse o xeque Hamid Saleh. – Isso é uma atitude infantil de ignorantes que não sabem o significado da vida e da morte. É um erro grave que destrói a reputação do Islã e dos muçulmanos – afirmou.

Os EUA atribuem o aumento da violência no Iraque à proximidade da data limite para a entrega da soberania do país a um governo provisório, em 30 de junho.

Com informações da agência Reuters.