O Conselho de Governo do Iraque, corpo administrativo instituído pelos Estados Unidos, está estudando propor ao clérigo xiita rebelde Moqtada al-Sadr não indiciá-lo por assassinato se ele contiver o levante xiita, disseram membros do conselho nesta quarta, dia 7. Eles afirmaram, depois de uma reunião para discutir a escalada de violência no Iraque, que usar mais força contra o jovem líder (Sadr tem 30 anos) e seus seguidores pode provocar mais mortes de civis e aumentar sua base de apoio.

– O Iraque pode não insistir em cumprir a ordem de prisão de Moqtada em troca do fim da violência. Seria uma situação semelhante à do libanês Subhi al-Tufaili – disse um membro xiita do conselho, que falou sob a condição de anonimato, referindo-se ao ex-líder do grupo guerrilheiro xiita libanês Hizbollah.

Tufaili é procurado sob acusação de matar soldados libaneses e ter tentado assassinar um ex-presidente libanês, mas circula livremente pelo vale Bekaa, contanto que não se manifeste politicamente. A ordem de prisão contra Sadr em vigor refere-se ao assassinato de um outro religioso, que voltou do exílio há um ano. A morte de Sayyed Abdel Majid al-Khoei, filho do grande aiatolá Abu al-Qassem al-Khoei, provocou temores de cisões na liderança xiita.

Sadr negou envolvimento no assassinato de Khoei. A ordem de prisão foi emitida há meses, mas só foi anunciada agora, depois que seus seguidores entraram em confronto com forças norte-americanas no fim de semana passado. As Forças Armadas dos Estados Unidos dizem que ele vai ser preso.

Desde domingo, os seguidores de Sadr enfrentaram forças de ocupação nas cidades de Nassiriya, Amara, Kut, Kerbala e Najaf, numa revolta que já matou 130 pessoas. Os rebeldes contam muitas vezes com o apoio da polícia iraquiana. Os xiitas, embora divididos em várias facções, são maioria no país.

– Os membros (do conselho) não vão assinar o plano e não vão enviar uma delegação para se encontrar com Moqtada se não tivermos certeza de que ele pode ser contido. Usar mais violência contra ele não vai funcionar, e os americanos sabem disso. Vai morrer muito mais gente e elementos ainda mais radicais podem surgir se ele for morto – disse uma autoridade próxima ao conselho.

Uma delegação do conselho se encontrou secretamente com Sadr no ano passado, mas ele insistiu que os EUA deveriam retirar suas tropas do país.

As informações são da agência Reuters.