| 06/03/2005 15h21min
A refém italiana Giuliana Sgrena, ferida a tiros depois de ter sido libertada no Iraque, disse neste domingo, 6, que forças dos Estados Unidos podem ter disparado deliberadamente porque Washington é contra a política italiana de negociar com seqüestradores.
No resgate de Giuliana, morreu o agente Nicola Calipari. A morte do agente e o ferimento da jornalista, que trabalhava para um jornal comunista, provocou tensão entre a Itália e os EUA e colocou pressão para o primeiro-ministro Silvio Berlusconi assumir uma linha dura com o presidente George W. Bush.
Os Estados Unidos prometeram uma investigação completa do incidente em que soldados dos EUA dispararam contra o carro com os italianos que se aproximava do aeroporto de Bagdá, na sexta. Os militares dos EUA dizem que o carro estava em alta velocidade em direção ao posto de controle e ignorou os tiros de advertência. Ministros e o motorista do carro negaram.
– Os EUA não aprovam essa política (de resgate) e então tentam parar de qualquer maneira possível, afirmou Giuliana em entrevista à TV Sky Itália.
De acordo com o jornal italiano Corriere della Sera, o motorista, um agente italiano não identificado, disse:
– Estávamos indo devagar, a cerca de 40 ou 50 quilômetros por hora.
Sgrena escreveu no jornal Il Manifesto que Calipari salvou sua vida protegendo-a com o próprio corpo.
– Nicola se jogou para me proteger e então de repente eu ouvi seu último respiro quando ele morreu em cima de mim, escreveu.
Apesar de a Itália ter negado pagamento aos seqüestradores em outros casos, o ministro da Agricultura, Gianni Alemanno, disse ao Corriere que "muito provavelmente" foi pago um resgate. Jornais italianos especularam um valor na casa dos US$ 10 milhões.
– Temos de punir os culpados e receber desculpas dos americanos, afirmou Alemanno.
– Somos aliados fiéis, mas não podemos dar a impressão de ser subordinados.
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi convocou o embaixador dos Estados Unidos imediatamente depois do incidente e terá que apresentar respostas de Washington quando falar ao parlamento, na quarta-feira. Berlusconi levou a Itália ao conflito no Iraque com cerca de 3 mil soldados. A decisão teve oposição da maioria dos italianos. Seus adversários políticos querem tirá-lo do cargo na eleição geral do próximo ano e enfraquecê-lo nas eleições regionais do próximo mês.
As informações são da agência Reuters.
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