| 24/03/2005 15h58min
Os Estados Unidos pressionaram o Líbano nesta quinta, dia 24, a realizar as eleições na data marcada, mesmo com a crise no governo que poderia adiá-las.
– As eleições devem acontecer - eleições livres e justas na presença de observadores internacionais - na data programada. Isso deve ser uma prioridade – disse o vice-secretário-assistente de Estado, David Satterfield, a repórteres em Beirute.
Satterfield afirmou que o pleito criará um "clima político diferente" no Líbano, país dominado pela Síria há três décadas. O norte-americano está no Líbano para fazer pressão pela retirada síria no cronograma definido, afirmou a embaixada dos EUA. Ele deu as declarações depois de conversar com o patricarca cristão maronita Nasrallah Sfeir, importante figura da oposição.
A Síria cedeu à pressão internacional e decidiu retirar suas tropas do Líbano depois do assassinato, no dia 14 de fevereiro, do ex-premiê libanês Rafik al-Hariri. A oposição libanesa acusou os sírios de envolvimento. Eles negam.
A primeira fase da retirada foi concluída na semana passada. Mas o restante dela depende de negociações entre sírios e libaneses no início de abril, que decidirão o destino dos até 10 mil soldados que ainda estão no leste do Líbano.
Os protestos populares que se seguiram ao assassinato do ex-premiê também derrubaram o governo libanês, criando uma crise política que pode atrapalhar as eleições.
Os EUA foram um dos principais protagonistas da pressão pela retirada síria e pelo desarmamento dos combatentes xiitas do Hizbollah, força que ajudou a obrigar Israel a se retirar do Líbano em 2000. Mas a interferência norte-americana irritou os libaneses pró-Síria.
– Se a interferência for um meio de ajudar o povo libanês a conquistar a soberania de seu próprio país, então é o que estamos fazendo – disse um funcionário da embaixada dos EUA.
Na quarta, um ataque a bomba matou três trabalhadores asiáticos num reduto anti-sírio ao norte de Beirute. Satterfield advertiu para "forças externas" que, segundo ele, estão tentando provocar o caos. Os incidentes das últimas semanas ressuscitaram o temor de novos confrontos sectários no Líbano, que foi vítima de uma guerra civil sangrenta entre 1975 e 1990.
– Temos grande confiança na estabilidade e na pacificação da situação libanesa, desde que forças externas não tentem criar problemas e promover a violência. Isso tem de parar – afirmou Satterfield.
O Líbano ainda não concluiu a investigação sobre a morte de Hariri num ataque a bomba. Havia a expectativa da divulgação de um relatório da ONU sobre o caso.
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