Sob aplausos da multidão reunida na Praça de São Pedro, no Vaticano, o funeral para o papa João Paulo II começou às 5h (horário de Brasília) desta sexta, dia 8. A cerimônia será uma forma estendida da liturgia da Igreja Católica Romana para os mortos no qual os clérigos e a congregação confiam a alma do morto a Deus. A previsão é de que a celebração dure três horas.

O corpo do Papa foi colocado em um caixão de cipreste durante um elaborado ritual que antecedeu seu funeral. De acordo com um livro do Vaticano, a cerimônia privada começou às 7h30min (2h30min, horário de Brasília). O rito se realizou dentro da Basílica de São Pedro e apenas alguns religiosos tiveram acesso a ele. O rosto do Pontífice foi coberto com um véu de seda branca pelo assessor pessoal do Papa, o arcebispo polonês Stanislaw Dziwisz, e pelo chefe do cerimonial, arcebispo Piero Marini.

– Cobriremos seu rosto com respeito e veneração, na esperança viva de que ele possa contemplar a face do Pai junto com a abençoada Virgem Maria e todos os santos – leu Marini.

Uma pequena bolsa de medalhas comemorativas de seu pontificado e um breve resumo de sua vida foram postos em um tubo de chumbo dentro do caixão. Após a missa fúnebre, o caixão de cipreste será colocado dentro de dois outros e depois será enterrado em uma alcova na cripta da basílica.

Rico em rituais, desenvolvidos ao longo dos dois milênios desde a morte de Jesus Cristo, o funeral de três horas refletirá a natureza mundial da Igreja com orações em italiano, latim e outras línguas européias, asiáticas e africanas. O funeral começou com o fechamento do caixão, que foi colocado perante o altar com o Livro do Evangelho aberto sobre ele. O cardeal alemão Joseph Ratzinger, decano do Colégio de Cardeais, preside a cerimônia.

Cerca de 164 cardeais estarão a direita de Ratzinger na sessão dos clérigos que conta com 600 assentos. À sua esquerda ficarão 1,4 mil dignitários italianos e estrangeiros. Outros 2,5 mil ex-chefes de Estado, ministros, embaixadores e outros convidados importantes sentarão na primeira fileira, mais próxima do altar. O funeral começa com um canto em latim e será permeado da leitura de diversos salmos. Serçai lidas intenções especiais em francês, suaile, filipino, polonês, alemão e português.

Após a comunhão, o cardeal Ratzinger se põe de pé em frente ao caixão e lidera a congregação em outra prece seguida pela Ladainha dos Santos em latim, pede-se a uma longa lista de santos que rezem pela alma do papa.

Após a missa, o caixão é levado à cripta subterrânea da basílica enquanto todos cantam o Magnificat (Minha alma magnifica meu Senhor). Somente os clérigos mais importantes e amigos do Papa acompanham o caixão para os ritos de enterro, que devem levar cerca de meia hora.

O cardeal camerlengo, o espanhol Eduardo Martinez Somal, lidera um pequeno grupo em preces enquanto o caixão de madeira é envolto em um caixão de zinco que fica hermeticamente fechado. Ele depois é colocado em um caixão de carvalho e sepultado sob uma lápide de mármore.

O corpo de João Paulo II será depositado na tumba de João XXIII, na cripta que fica embaixo da Basílica de São Pedro. Os restos mortais de João XXIII foram transferidos em 2001 para uma capela no nível do altar da basílica e o local onde estava sua tumba ficou vazio. O Papa usará roupas litúrgicas, e seu chapéu de bispo será colocado sobre o peito.

As informações são da agência Reuters.