| 04/01/2002 23h41min
A Câmara dos Deputados da Argentina, que deveria votar na noite desta sexta-feira o fim da conversibilidade (peso/dólar), adiou a decisão para a partir do meio-dia deste sábado. O adiamento foi provocado pela falta de acordo entre o bloco peronista (Partido Justicialista) e a União Cívica Radical (UCR), do ex-presidente Fernando De la Rúa, e no próprio peronismo.
Três senadores do Partido Justicialista revelaram nesta sexta à noite que os parlamentares de seu partido não querem "dar um cheque em branco" para o governo decidir sobre as dívidas em dólares ou os depósitos bancários, o que motivou o adiamento da discussão e decisão sobre o fim da conversibilidade. Um senador da União Cívica Radical (UCR) admitiu a existência de intensas negociações no Congresso sobre a modificação da Lei de Conversibilidade.
– Ninguém pode esperar que uma lei dessa importância tenha aceitação automática de todos os legisladores – disse Rodolfo Terragno à imprensa antes de ser adiado para hoje o debate e a votação que deveriam ocorrer na Câmara dos Deputados ainda ontem.
No projeto enviado ao Congresso, o governo do presidente peronista Eduardo Duhalde pediu poderes para fixar uma nova "relação de câmbio entre o peso e as divisas estrangeiras".
– Só pela urgência do país se explica que uma lei possa ser votada em tão pouco tempo – disse o parlamentar, ex-chefe de Gabinete do governo de Fernando de la Rúa, que renunciou no dia 20 de dezembro.
Deputados de centro-esquerda e esquerda denunciaram ontem que o único objetivo do projeto de lei de emergência pública é conceder poderes especiais a Duhalde.
O Banco Central anunciou que o feriado bancário e cambial que vigora há duas semanas na Argentina será mantido na segunda e terça-feira próximas. O mercado de câmbio está fechado desde 21 de dezembro, quando renunciou o presidente Fernando de la Rúa. Apesar do feriado bancário, as instituições podem compensar cheques, mas não fazer transferência de posições de pesos para dólares, como faziam até esta sexta-feira.
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