O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, afirmou neste sábado, dia 3, duvidar da seriedade de uma proposta do Iraque visando ao reinício das conversações sobre armas com as Nações Unidas (ONU).

– Já vimos antes os iraquianos tentarem brincar com o regime de inspeção –disse Powell em entrevista nas Filipinas, última escala de um giro pela Ásia. – Houve diversos contatos diretos entre os iraquianos e Kofi Annan (secretário-geral da ONU) e eles sabem quais são as exigências – acrescentou.

Como parte de um acordo que pôs fim à Guerra do Golfo, em 1991, o Iraque aceitou erradicar suas armas de destruição em massa. O problema é que o governo de Bagdad não permite a entrada dos inspetores de armas da ONU no país desde dezembro de 1998. Powell disse que, embora apóie as inspeções, o presidente George W. Bush tem como objetivo "a erradicação das armas", o que muitos analistas entendem como a senha para uma operação militar norte-americana contra o país. O secretário ressaltou que "inspeções por inspeções" não bastam.

Na sexta-feira, dia 2, um alto funcionário da Casa Branca também expressou ceticismo com a proposta iraquiana, dizendo que "nossa meta é a mudança do regime". Em carta entregue por seu ministro do Exterior, Naji Sabri, ao inspetor-chefe de armas da ONU, Hans Blix, na quinta-feira, o Iraque convidou uma equipe do organismo mundial a manter conversações em Bagdad. A ONU recebeu a proposta com cautela e Annan alertou que as resoluções do Conselho de Segurança exigem um acesso adequado para os inspetores de armas ao país.

A oferta de Bagdad coincide com a intensificação da retórica contra o presidente Saddam Hussein nos Estados Unidos. Assessores de Bush e o Congresso vêm discutindo a viabilidade de um ataque militar contra o país do Golfo. No começo de julho, a ONU e o Iraque realizaram, em Nova Iorque, uma terceira rodada de conversações – infrutíferas – sobre o retorno dos inspetores ao país. As informações são da Agência Brasil.