O chanceler do Iraque, Naji Sabri, lançou um ataque contundente contra o chefe dos inspetores de armas da Organização das Nações Unidas (ONU), Hans Blix, poucos dias depois de o governo iraquiano, sob ameaça de um ataque dos EUA, ter convidado os inspetores a retomarem negociações. Em declarações publicadas na quarta-feira dia 7, afirmou ao jornal Al Bayan, dos Emirados Árabes Unidos, que Blix, um sueco, havia se curvado às "pressão e chantagem norte-americanas''.

– Blix herdou os mesmos deveres assumidos pelo espião Butler – declarou, referindo-se ao ex-chefe dos inspetores de armas da ONU Richard Butler.

O governo iraquiano acusou o australiano Butler em várias ocasiões de atuar como um espião dos EUA e exige que as novas inspeções não sejam um disfarce para a espionagem norte-americana no Iraque. O Al Bayan afirmou ter entrevistado Sabri às vésperas de uma reunião da ONU, na segunda-feira, dia 5, para avaliar o convite do Iraque de negociar a retomada das inspeções de armas. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou depois do encontro que o Iraque deveria enviar um "convite formal'' para a volta dos inspetores de armas antes de quaisquer negociações.

O progresso nas conversações sobre o retorno dos inspetores poderia fortalecer a pressão internacional contrária à ação militar norte-americana. Os EUA, que acusam o país árabe de estocar armas de destruição em massa, desejam tirar do poder o presidente Saddam Hussein. Os inspetores da organização, após acusar o Iraque de obstruir o trabalho deles, saíram do país em 1998, pouco antes de bombardeios punitivos dos EUA e da Grã-Bretanha. As inspeções são uma precondição para a suspensão das sanções impostas pela ONU depois de o Iraque ter invadido o Kuweit, em 1990. As informações são da agência Reuters.