| 02/09/2002 23h02min
O Brasil e a União Européia (UE) foram derrotados na sua tentativa de acrescentar metas para o uso de fontes renováveis de energia. Estados Unidos, Japão, Austrália e os países exportadores de petróleo - Arábia Saudita à frente - só permitiram a menção a "metas regionais voluntárias" no plano aprovado nesta segunda-feira, 2 de setembro, pelos negociadores da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável.
O texto do acordo, que será assinado pelos chefes de Estado na quarta-feira, não só deixa de estabelecer metas de renovação de matrizes de energia, como também não define nenhum período para que os países adotem fontes alternativas. Ambientalistas e integrantes da delegação brasileira afirmaram que a medida está na "contramão da sustentabilidade".
A proposta brasileira é de meta global de 10% de fontes renováveis na matriz energética do mundo até 2010. A UE propõe 15% até 2010, mas com os países industrializados, cuja média é de 5,6%, aumentando apenas 2% nesse período.
– Estávamos negociando com a UE – disse o secretário do Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg, autor da iniciativa brasileira.
Além de não especificar metas de fontes renováveis (álcool, pequenas hidrelétricas, solar ou eólica), esse tipo de energia recebe, no documento, o mesmo tipo de recomendação que as fósseis "mais eficientes e limpas". A energia nuclear não é explicitamente excluída, como queriam alguns ambientalistas.
Os líderes políticos reunidos na África do Sul fizeram um "mea culpa" perante o mundo por suas calamidades e se comprometeram a estabelecer os meios para livrar o planeta de desastres como a fome, as secas, o aquecimento do planeta, as inundações, a abertura dos mercados ou a falta de solidariedade.
Na abertura solene da fase final das negociações da cúpula, presidente anfitrião Thabo Mbeki lembrou, antes de cada chefe de Estado ir à tribuna para falar durante cinco minutos, que os povos do mundo esperam soluções "concretas" e que "nada justifica um fracasso na hora de responder a estas expectativas". Já o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, alertou que o preço da preservação do planeta é alto, mas o preço do fracasso é muito mais maior.
Enquanto os dirigentes dos países industrializados centravam suas intervenções na necessidade de lutar contra a mudança climática, os países em desenvolvimento pediam um aumento da cooperação internacional e o fim dos subsídios, que os impedem de sair da pobreza.
– O desenvolvimento não é sustentável, mas injusto. Em nossa luta contra a pobreza é essencial o fim do protecionismo do mundo desenvolvido, dos subsídios agrícolas e de todas as barreiras alfandegárias e não-alfandegárias – disse o presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso.
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