| 14/11/2002 23h22min
Um dia depois de o governo iraquiano aceitar a volta dos inspetores de armas da Organização das Nações Unidas (ONU) ao país, cidadãos comuns, diplomatas e autoridades acreditam que a ameaça de um ataque americano ainda não acabou.
Muitos acham que, ao aceitar a determinação do Conselho de Segurança, o presidente Saddam Hussein está apenas adiando o conflito por algumas semanas. Diplomatas que trabalham em Bagdá e acompanharam a Guerra do Golfo, em 1991, são enfáticos: só uma extraordinária cooperação por parte do Iraque salvará o país de uma megaofensiva.
Temendo o confronto, a população em geral recebeu a decisão de Saddam com um misto de alívio e apreensão. Alguns iraquianos acham que as últimas notícias permitirão pelo menos que eles festejem em paz a festa religiosa do Eid Al-Fitr, que acontece em três semanas. Outros viram na concessão de Saddam uma afronta à dignidade do país.
O jornal mais influente do Iraque, o Babel, de propriedade de um filho de Saddam, disse que a política do governo "caubói e arrogante" dos EUA não é confiável. Segundo o diário, a decisão de cumprir a resolução demonstra a boa vontade de Saddam e o fato de o país não ter armas de destruição em massa.
Apesar de serem aliados militares dos EUA, a Arábia Saudita e outras monarquias do Golfo Pérsico vinham manifestando apreensão com a possibilidade de uma guerra contra o Iraque envolver toda a região. Nesta quinta, o dia foi de alívio.
– Graças a Deus que o Iraque aceitou. Oramos para que o povo iraquiano viva em paz e que a apreensão que se abateu sobre nós seja eliminada – disse o ministro do Interior saudita, príncipe Nayef.
Invadido pelo vizinho em 1990, no episódio que desencadeou a Guerra do Golfo, o Kuwait classificou a decisão do Iraque como "o primeiro passo positivo na direção certa". Ainda assim, o país mantém treinamentos para armas químicas. Os EUA e a Grã-Bretranha adotaram a política de "esperar para ver", em relação ao anúncio feito na quarta pelo embaixador iraquiano na ONU, Mohammed Al-Douri.
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