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 | 11/05/2004 16h23min

General dos EUA culpa falha de liderança por abusos em prisão

Os maus-tratos de prisioneiros iraquianos refletem uma falha de liderança nas Forças Armadas norte-americanas, disse nesta terça, dia 11, o general que investiga o caso. Ele afirmou, porém, não ter encontrado provas de que os soldados tenham agido sob ordem direta de superiores.

Quando instado a responder "na sua linguagem de soldado" o que tinha causado os abusos na prisão de Abu Ghraib, o major-general Antonio Taguba disse:

– Falha de liderança do comandante de brigada, falta de disciplina, de treinamento e de supervisão. A omissão na supervisão foi enorme – disse Taguba, autor do relatório do Pentágono sobre o caso, na audiência do Senado.

Mas Taguba afirmou ao comitê das Forças Armadas do Senado acreditar que os soldados agiram por vontade própria, e não sob ordens. Na sexta-feira foi o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, que depôs no Senado. Ele pediu desculpas pelo ocorrido, mas disse que não ia renunciar.

Por insistência do Pentágono, outras autoridades da defesa se juntaram a Taguba para depor sobre a tortura, escândalo que pôs em risco o cargo de Rumsfeld.

Os democratas do comitê consideraram a atitude uma tentativa de "diluir o testemunho de Taguba". O relatório de Taguba, junto com fotos de prisioneiros nus sendo humilhados por soldados sorridentes, causou revolta internacional.

O aliado mais próximo dos EUA, a Grã-Bretanha, tem seu próprio escândalo para se preocupar. A Anistia Internacional acusou soldados britânicos de matar civis no Iraque, incluindo uma menina de 8 anos.

Ao mesmo tempo, o apoio interno dos norte-americanos à guerra contra o Iraque continua caindo. Uma pesquisa da CNN, do USA Today e do Gallup divulgada na segunda-feira mostrou que apenas 44 por cento dos entrevistados acreditavam que a guerra valia a pena. Numa pesquisa feita há um mês, esse número era de 50 por cento. Há um ano, chegava a 73%.

A popularidade do presidente George W. Bush caiu para 46 por cento, seis pontos abaixo da registrada no mês passado.

No relatório de 53 páginas que concluiu em março, Taguba citou o "abuso sistemático e ilegal de detentos" e disse que entre outubro e dezembro de 2003 houve "vários incidentes de abusos criminosos, sádicos, brutais e perversos".

Taguba disse que o comportamento dos soldados pode ter sido influenciado pela inteligência militar, mas que não era uma atitude deliberada para extrair informações dos prisioneiros.

Para o principal democrata do comitê, o senador Carl Levin, os atos mostrados no relatório "não parecem apenas abuso, parecem um esforço organizado e uma preparação metódica para o interrogatório".

O Congresso agora se prepara para assistir a um novo conjunto de fotos e a um vídeo que, segundo Rumsfeld, são ainda mais chocantes que as imagens já divulgadas.

As informações são da Reuters.

 
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